Category: Educação


Sou completamente contra e acho que temos que acabar com a ideologia de gênero!!!!

Por quê? O que é ideologia de gênero?

Ideologia de gênero é uma ideologia que acredita que pelo fato da pessoa nascer com ou sem pênis, ela terá direitos, obrigações e comportamentos específicos.

Alguns conceitos importantes para este assunto:

Ideologia – conjunto de ideias ou princípios sobre um assunto. No senso comum, é tido como algo ideal, que contém um conjunto de ideias, pensamentos, doutrinas ou visões de mundo de um indivíduo ou de determinado grupo, orientado para suas ações sociais e políticas. É um mascaramento da realidade social que pode permitir a legitimação da exploração e da dominação.
Gênero – a maneira que uma pessoa se autoidentifica e se percebe como indivíduo (homem ou mulher ou outros), é resultado de uma construção histórica, social e cultural. Portanto, se refere a tudo aquilo que foi definido ao longo tempo e que a sociedade onde essa pessoa vive entende como o papel, função ou comportamento esperado de alguém. Ou seja, gênero está vinculado a construções sociais, não a características naturais.
Sexo ou sexo biológico – diz respeito às características biológicas que diferenciam homens, mulheres e hermafroditas. O sexo é usualmente determinado pelas genitálias.
Orientação sexual ou sexualidade – por quais gêneros essa pessoa sente atração sexual ou romântica. Algumas das categorias atribuídas à sexualidade são: heterossexualidade (pessoa que sente atração por pessoa do gênero oposto); homossexualidade (pessoa que sente atração por pessoa do mesmo gênero); bissexualidade (pessoa que sente atração por pessoas dos dois gêneros), assexual (quem não sente atração por nenhum gênero), dentre outras.
Identificação sexual (?) ou de gênero ou identidade de gênero – Cis ou Trans ou Neutro: Cisgênero é o indivíduo que se identifica com o sexo biológico (masculino ou feminino) com o qual nasceu. Transgênero é a pessoa que se identifica com um gênero diferente daquele que lhe foi dado no nascimento. Por exemplo: o indivíduo nasceu com genitália masculina, mas sua identificação é com o gênero feminino.

Alguns exemplos de aplicação da ideologia de gênero são derivados de uma confusão ignorante entre sexo e gênero, cujos exemplos são explícitos:
que pessoas que nasceram com pênis TEM que usar alguns tipos de roupas e NÃO PODE usar outros tipos de roupas, enquanto que pessoas que nascem SEM pênis podem utilizar esses outros tipos de roupas e não podem utilizar aqueles. A mesma lógica valeria para estilos de cortes de cabelo, de cores de cabelos, de acessórios, do uso ou não de maquiagem, de esmalte de unhas, etc.
Enfim, achar que pessoas com pênis TEM que ser masculinas, homens e que pessoas sem pênis TEM que ser femininas, mulheres.

A ideologia de gênero é o que promove crimes e outros absurdos da falta de respeito com a liberdade das pessoas de serem quem são, de se identificarem como se veem ou como quiserem. Que desrespeitam a natureza do ser em nome de uma moral antiquada, ultrapassada, retrógrada, normalmente baseada numa religião com as mesmas características, sem nenhuma base sociológica, científica ou mesmo de razão.

Portanto a própria ideia da existência dessa ideologia é um absurdo em si e por isso deve ser combatida. Nenhum preconceito de gênero será tolerado! Vale lembrar que as demonstrações e apologias a esses preconceitos são crimes constitucionais no Brasil.

Pela liberdade de todas as pessoas serem quem são, se vestirem, se portarem e serem vistas como desejarem, sem serem julgadas por estas características.


LINKS – LEIA TAMBÉM:

Páginas interessantes sobre o assunto, com outras opiniões. Leituras complementares. (Estes links não necessariamente representam as ideias deste autor, apenas complementam ou até contrariam, para que você desenvolva sua própria forma de pensar)

  1. CHAUÍ, Marilena. O que é ideologia. São Paulo: Brasiliense, 2000.
  2. EAGLETON, Terry. Ideologia: uma introdução. Sâo Paulo: Boitempo, 2019.
  3. Politize – Vamos falar sobre gênero. https://www.politize.com.br/vamos-falar-sobre-genero/#:~:text=O%20g%C3%AAnero%2C%20portanto%2C%20se%20refere,base%20em%20seu%20sexo%20biol%C3%B3gico.
  4. Destruindo o preconceito: gêneros, sexualidades e outros. https://ventomar.wordpress.com/2014/06/04/destruindo-o-preconceito-generos-sexualidades-e-outros/.
  5. Linguagem neutra de gêneros gramaticais. https://pt.wikipedia.org/wiki/Linguagem_neutra_de_g%C3%AAneros_gramaticais.

RASCUNHO

Marcelo Venturi – 14 jan 2023

A educação masculina é uma merda!

Tradicionalmente machista, difundida por homens e mulheres aos seus filhos, sobrinhos, netos: ela destrói a vida deles em todos os sentidos.

Não, eles não vão morrer agora, não vão se afundar até acabarem na sarjeta por conta disso, afinal ainda continuam vivendo e se reproduzindo e achando que são felizes. Mas seguirão repetindo padrões que os matam, sim, diretamente de outras formas que nem percebem: como com a necessidade de serem agressivos, de terem armas (em geral fálicas) para atacar e se defender (demonstrando sua virilidade); tratando mulheres como objetos e propriedade; se revoltando quando perdem (em vez de entristecerem e reavaliarem, aprenderem); passarão a vida toda achando que tem que ser potentes, machos, viris, fortes e mais que os outros, competitivos em vez de cooperativos.

Crescemos com essa pressão e ela nos persegue a vida toda.
Querer desconstruir isso é um hercúleo desafio (sim, usei um mito masculino e não foi a toa).
Cada vez que algum humano que nasceu com um pinto tenta questionar isso, seja na sua individualidade ou social e politicamente, ele vira alvo.
Repare.

Você, mulher, se se permitir a começar a questionar esse sistema, tente fazer um teste com seu(s) parceiro(s) homem hetero cis: proponha a ele, no auge do seu tesão, transar sem usar seu pênis. Só sem penetração inicialmente, ou se for mais ousada faça isso nas vezes seguintes ou mesmo na primeira:
“- Vamos transar sem encostar no pau?
Veja a reação dele.
Aposto que 99,9% dos homens vão ter alguma das seguintes reações:
Diretamente – ficar bravo (e todas suas expressões), questionar muito a razão disso, e nos melhores casos se atrapalhar imensamente, não saber nem por onde começar e quando souber, em algum momento se sentir perdido durante o momento.
Indiretamente e num futuro (talvez mais breve que imaginas): questionar seu relacionamento, sua atração por ele ou por outras pessoas, sua autoestima ficará destruída, poderá gerar depressão, pensar em buscar sexo fora, etc.
Claro que isso é só a consequência … de uma vida.

O problema é que isso se reflete em tudo o que vivemos e prejudica desde a psiquê desse pobre rapaz que veio ao mundo com algo entre as pernas, até todas as mulheres, e consequentemente a toda a sociedade, aos sistemas econômicos e políticos globais.

Dá vontade de citar todos os exemplos (quem sabe faço isso num futuro criando um adendo a este texto, como faço com maioria dos meus outros textos neste blog) e formas de combatê-los. Mas agora encerro este ensaio apenas questionando:

Como podemos mudar isso em nosso dia a dia? Que pequenas e grandes ações podemos fazer para irmos aos poucos resolvendo este problema de nossa história e de nossa geração?

Se você já leu até acima e se questionou, tá pra lá de bom.

EXEMPLOS

A seguir deixarei um espaço para exemplos futuros que venham a aparecer dessas consequências, diretas e indiretas, do falocentrismo em que fomos criados culturalmente.


LINKS – LEIA TAMBÉM:

Páginas interessantes sobre o assunto, com outras opiniões. Leituras complementares. (Estes links não necessariamente representam as ideias deste autor, apenas complementam ou até contrariam, para que você desenvolva sua própria forma de pensar)

1. Onde estão os homens bons? – Cila Santos – Militância Materna. https://www.instagram.com/p/CnXQn9VO8eO/

2. Falocentrismo – Wikipedia. https://pt.wikipedia.org/wiki/Falocentrismo

3.

Esta postagem possui orientações para interessados sobre uma proposta de bandeirantismo guidismo / escotismo libertário anarquista em 4 idiomas: português, inglês, espanhol e árabe. Rode o quadro abaixo para a direita para ler. Se quiser orientações ou ideias para criar ou adaptar teu grupo, pode chamar!

This post has guidelines for interested parties on a proposal for Libertarian anarchist Guidism / Scouting in 4 languages: Portuguese, English, Spanish and Arabic. Rotate the table below to the right to read.

Este artículo tiene pautas para los interesados ​​sobre una propuesta de Guidismo / Escultismo libertario anarquista en 4 idiomas: portugués, inglés, español y árabe. Gire la tabla de abajo a la derecha para leer.

يحتوي هذا المنشور على إرشادات للأطراف المهتمة بشأن اقتراح أناركي ليبرالي مرشد / كشافة بأربع لغات: البرتغالية والإنجليزية والإسبانية والعربية. قم بتدوير الجدول أدناه إلى اليمين للقراءة.

Bandeirantes e Escoteiros Libertários Anarquistas

Roteiro para um manual

Bandeirantes e Escoteiros Libertários AnarquistasGuides and Scouts Anarchist LibertarianGuías y Scouts Anarquistas Libertariosأدلة والكشافة فوضويون ليبرتاري
Por que? Quando Baden Powell – Agnis, Olave e Robert – idealizaram e criaram os movimentos Bandeirantes ou Guias e Escoteiros (1900 bem no início) existia um contexto histórico que fazia todo o sentido ser daquela forma. Criaram então uma organização ou movimento que tornava crianças e jovens preparados para o mundo e para a vida, dentro da sociedade que estavam inseridos.
Hoje vivemos num mundo global, em que os direitos – humanos, sociais e ambientais de uma maioria – são suprimidos em detrimento de minorias dominantes – econômicas, religiosas, étnicas, culturais, territoriais, políticas, etc.Então como seria um movimento com as coisas boas atualizadas mas de forma igualitária e libertária?Esta é a proposta. Juntos e coletivamente buscar o melhor caminho!
Why? When Baden Powell – Agnis, Olave and Robert – conceived and created movements Guirl Guides and Scouts (1900 and earlier) there was a historical context that made sense to be that way. They created an organization or movement that made children and young people prepared for the world and for life in society that were inserted. Today we live in a global world, where the rights – human, social and environmental aspects of a majority – are suppressed at the expense of dominant minorities – economic, religious, ethnic, cultural, territorial, political, etc.
So how would a movement with updated good things but egalitarian and libertarian way?
This is the proposal. Together and collectively seek the best way!
¿Por qué?
Cuando Baden Powell – Agnis, Olave y Robert – ha concebidas y creadas movimientos Guías y Scouts (1900 y anteriores), se produjo un contexto histórico que tenía sentido para ser de esa manera.Ellos crearon una organización o movimiento que hizo que los niños y jóvenes preparados para el mundo y para la vida en la sociedad que se inserta.
Hoy en día vivimos en un mundo global, donde los derechos humanos – aspectos, sociales y ambientales de la mayoría – se suprimen a expensas de las minorías dominantes – económicas, religiosas, étnicas, culturales, territoriales, políticos, etc.Entonces, ¿cómo sería un movimiento con las cosas buenas, pero actualizados de forma igualitaria y libertaria?Esta es la propuesta. Juntos y buscar colectivamente la mejor manera!
لماذا؟ عندما بادن باول – Agnis، أولاف وروبرت – تصور وخلق الحركات بانديرانتيس أو أدلة والكشافة (1900 و في وقت سابق) كان هناك إجراء السياق كيو التاريخي المنطقي أن يكون كيو الطريق. وأنشأوا جعلت منظمة أو حركة كيو الأطفال والشباب على استعداد للعالم وللحياة في كيو المجتمع أدرجت. اليوم ونحن نعيش في عالم يتجه نحو العولمة، حيث الحقوق – يتم منعها على حساب الأقليات المهيمنة – – الجوانب الإنسانية والاجتماعية والبيئية للأغلبية الاقتصادية والدينية والعرقية والثقافية والإقليمية والسياسية، الخ فكيف الحركة مع الأشياء الجيدة تحديث ولكن الطريقة المساواة والتحررية؟ هذا هو الاقتراح. معا والسعي بشكل جماعي أفضل وسيلة!
Objetivo:Visão:Todas as crianças, adolescentes e jovens têm valor e atuam em ações para mudar o mundo com liberdade, responsabilidade e respeito ao coletivo.
Valores:contidos no Código de princípios Guia e Escoteiro Libertário Anarquista, conjunto de atitudes fundamentais à vivência do Guidismo e Escotismo. Os valores coletivos são: o Amor, a Lealdade, a Verdade, o Respeito, a Solidariedade, a Liberdade, o Companheirismo, a Responsabilidade, a Reverência, o Otimismo, a Coragem e a Postura Ética.
Goals:Vision:All children, adolescents and young people have value and act in actions to change the world with freedom, responsibility and respect for the collective.
Values:Contained in the Code of Principles Libertarian Anarchist Guide and Scouts, a set of fundamental attitudes to the experience of Guidism and Scoutism. The collective values are: Love, Loyalty, Truth, Respect, Solidarity, Freedom, Companionship, Responsibility, Reverence, Optimism, Courage and Ethical Posture.
Metas:Visión:Todos los niños, niñas, adolescentes y jóvenes tienen valor y actúan en acciones para cambiar el mundo con libertad, responsabilidad y respeto al colectivo.
Valores:Contenido en el Código de Principios Guía y Scouts Libertarios Anarquistas, un conjunto de actitudes fundamentales ante la experiencia del Guidismo y del Scoutismo. Los valores colectivos son: Amor, Lealtad, Verdad, Respeto, Solidaridad, Libertad, Compañerismo, Responsabilidad, Reverencia, Optimismo, Coraje y Postura Ética.
الأهداف:رؤية:جميع الأطفال والمراهقين والشباب لهم قيمة ويتصرفون في أفعال لتغيير العالم بالحرية والمسؤولية والاحترام الجماعي.
قيم:وردت في مدونة المبادئ المرشد والكشافة التحررية اللاسلطوية ، مجموعة من المواقف الأساسية لتجربة الإرشاد والكشافة. القيم الجماعية هي: الحب ، والولاء ، والحقيقة ، والاحترام ، والتضامن ، والحرية ، والرفقة ، والمسؤولية ، والاحترام ، والتفاؤل ، والشجاعة ، والموقف الأخلاقي.
Simbolismo:
Os três pontos fundamentais: Deus, Pátria e Próximo! Einh?! Em vez dos opressores deus e pátria e da visão assistencialista do próximo: Valorizar os princípios como a Terra, as Pessoas e a Partilha justa inclusive de conhecimentos.
A Terra (e a terra) é nossa mãe e a base de tudo o que temos e cumpre o papel do “pai”, do “criador” em quase todas as religiões e crenças.
O próximo que são as pessoas, já que elas que formam os países e as pátrias. Portanto elas são mais importantes que o limite territorial, o hino ou a bandeira de um território estabelecido por forças mais influentes que as pessoas em si. O próximo, em ajuda mútua.
E a melhor forma de cuidar do próximo é começando ciente que é preciso cuidar de si primeiro para poder ajudar o outro, e para isso é preciso saber ser independente, produzir seu próprio alimento, trabalhar com a natureza para gerar seus próprios recursos e então a partilha justa: partilhar e compartilhar todos os excedentes de forma justa, onde todos possam ter acesso a tudo, inclusive aos conhecimentos. (Por exemplo, podem se basear nos princípios da permacultura e do “desenvolvimento sustentável”).
Terra – Partilha – Próximo
Flor-de-lis e TrevoOs mesmos símbolos mas com outros significados, conforme os três pontos fundamentais.

SaudaçãoO mesmo gesto do escotismo, com dois dedos (para pequenos menores de 12 anos) ou três dedos (conforme os três pontos fundamentais) para demais MAS NA ALTURA DOS OMBROS E NÃO NA TESTA.
Em caso de fim de roda ou de evento a saudação pode ser com a mão para o alto com o punho fechado.
Cumprimento – aperto de mão, com a mão esquerda e dedo mindinho separado dos demais.
Symbolism:The three fundamental points:
God, Homeland and Neighbor! Huh?!
Instead of the oppressive god and country and the welfare vision of others: Valuing principles such as the Earth, Help People and Fair Sharing, including knowledge.
The Earth (and the dirth and land) is our mother and the basis of everything we have and fulfills the role of the “father”, the “creator” in almost all religions and beliefs.
The next one to help, are the people, as they make up the countries and the homelands. Therefore they are more important than the territorial boundary, the anthem or flag of a territory established by forces more influential than the people themselves. The help people, in mutual aid.
And the best way to take care of others is to start aware that you need to take care of yourself first to be able to help the other, and for that you need to know how to be independent, produce your own food, work with nature to generate your own resources and then fair sharing: sharing all surpluses fairly, where everyone can have access to everything, including knowledge. (For example, they can be based on the principles of permaculture and “sustainable development”).
Earth – Sharing – Help Others
Fleur-de-lis and CloverThe same symbols but with different meanings, according to the three fundamental points.

SalutationThe same gesture as Scouting, with two fingers (for children under 12 years old) or three fingers (according to the three fundamental points) for others BUT AT SHOULDER HEIGHT AND NOT AT THE BROW.In case of the end of the wheel or of an event, the greeting can be with the hand in the air with a closed fist.
Greeting – handshake, with the left hand and little finger separated from the others.
Simbolismo:Los tres puntos fundamentales:
¡Dios, Patria y Ayuda al prójimo! ¡¿Qué?!
En lugar del dios y el país opresivos y la visión del bienestar de los demás: valorar principios como la Tierra, ayudar a las personas y compartir de forma justa, incluido el conocimiento.
La Tierra (y el suelo y la tierra) es nuestra madre y la base de todo lo que tenemos y cumple el rol del “padre”, el “creador” en casi todas las religiones y creencias.
El prójimo en ayudar son las personas, ya que forman los países y las patrias. Por tanto, son más importantes que la delimitación territorial, el himno o la bandera de un territorio establecido por fuerzas más influyentes que el propio pueblo. La gente de ayuda, en ayuda mutua.
Y la mejor forma de cuidar a los demás es empezar consciente de que necesitas cuidarte primero para poder ayudar al otro, y para eso necesitas saber ser independiente, producir tu propia comida, trabajar con la naturaleza. para generar sus propios recursos y luego compartir de manera justa: compartir todos los excedentes de manera justa, donde todos puedan tener acceso a todo, incluido el conocimiento. (Por ejemplo, pueden basarse en los principios de la permacultura y el “desarrollo sostenible”).
Tierra – Compartir – Prójimo
Flor de lis y trébolLos mismos símbolos pero con diferentes significados, según los tres puntos fundamentales.
SaludoEl mismo gesto que el Escultismo, con dos dedos (para niños menores de 12 años) o tres dedos (según los tres puntos fundamentales) para los demás PERO A LA ALTURA DE LOS HOMBROS Y NO EN LA CEJA.En caso de fin de rueda o de un evento, el saludo puede ser con la mano en el aire con el puño cerrado.
Saludo – apretón de manos, con la mano izquierda y el dedo meñique separados de los demás.
رمزية:
النقاط الرئيسية الثلاث:
الله يا وطن وساعد الناس! هاه؟!
بدلاً من الإله والبلد القمعي ورؤية الرفاهية للآخرين: تثمين مبادئ مثل الأرض ، ومساعدة الناس والمشاركة العادلة ، بما في ذلك المعرفة.
الأرض (والولادة والأرض) هي أمنا وأساس كل ما لدينا وهي تؤدي دور “الأب” ، “الخالق” في جميع الأديان والمعتقدات تقريبًا.
الشخص التالي للمساعدة ، هم الناس ، لأنهم يشكلون البلدان والأوطان. لذلك فهي أهم من الحدود الإقليمية ، النشيد أو علم المنطقة التي أنشأتها قوى أكثر نفوذاً من الناس أنفسهم. مساعدة الناس ، في المساعدة المتبادلة.
وأفضل طريقة للاعتناء بالآخرين هي أن تبدأ في إدراك أنك بحاجة إلى الاعتناء بنفسك أولاً لتتمكن من مساعدة الآخر ، ولهذا عليك أن تعرف كيف تكون مستقلاً ، وتنتج طعامك بنفسك ، وتعمل مع الطبيعة لتوليد الموارد الخاصة بك ثم المشاركة العادلة: تقاسم جميع الفوائض بشكل عادل ، حيث يمكن للجميع الوصول إلى كل شيء ، بما في ذلك المعرفة. (على سبيل المثال ، يمكن أن تستند إلى مبادئ الزراعة المستدامة و “التنمية المستدامة”).
Earth – المشاركة – مساعدة الآخرين
فلور دي ليس وكلوفرنفس الرموز ولكن بمعان مختلفة حسب النقاط الأساسية الثلاثة.

تحيةنفس إيماءة الكشافة بإصبعين (للأطفال دون سن 12 عامًا) أو ثلاثة أصابع (وفقًا للنقاط الأساسية الثلاثة) للآخرين ولكن على ارتفاع الكتف وليس عند الحاجب.في حالة نهاية العجلة أو حدث ما ، يمكن أن تكون التحية مع وضع اليد في الهواء بقبضة مغلقة.
التحية – المصافحة باليد اليسرى والإصبع الصغير مفصولين عن الآخرين.
Lema, Princípios, Código e Promessas.Lema: no idioma local algo que signifique a frase do lema de cada clã, como: Sempre prontos!
Fadas e Gnomos: “Ajuda sempre!”
Lobos:
“Melhor possível”
Guias Menores e Escoteiros:
Sempre prontos!
Guias e Seniors: “Servir!”
Guias Maiores, Pioneiros e Coordenadores:
Sempre prontos!

Código de princípios do Guidismo e Escotismo Anarquista:(Traduzido e adaptado diretamente dos livros de B.P.)Ser Guia (bandeirante) e Escoteiro é:ser digno de confiança.ser leal ao próximo e sempre respeitar a verdade.ser útil e ajudar o próximo em todas as ocasiões.buscar ser amigo e protetor de todos não importando gênero, idade, cor, origem, de que país, classe ou credo.ser cortês e gentil.ser amigo dos animais e plantas e conservar a natureza.respeitar e dar atenção às pessoas mais experientes.enfrentar alegremente todas dificuldades.usar os recursos com sabedoria.agir, pensar e ser coerente com os valores éticos.
Código de princípios das Fadas e Gnomos:A Fada e o Gnomo fazem bem às plantas e aos animaisA Fada e o Gnomo são companheiros e trabalham alegrementeA Fada e o Gnomo dizem sempre a verdadeA Fada e o Gnomo prestam atenção a tudo e a todos
Código de princípios dos Lobos:A Lobinha e o Lobinho ouvem sempre os Velhos Lobos.A Lobinha e o Lobinho pensam primeiro nos outros.A Lobinha e o Lobinho abrem os olhos e os ouvidos.A Lobinha e o Lobinho são limpos e estão sempre alegres.A Lobinha e o Lobinho dizem sempre a verdade.


Promessas: Colméias:Prometo esforçar-me sempre para ajudar minha família e meu coletivo, cuidar da natureza e fazer todo dia uma boa ação obedecendo o código da colméia.

Alcatéias:Prometo fazer o melhor possível para ajudar minha família e meu coletivo, cuidar da natureza e fazer todo dia uma boa ação obedecendo o código da alcatéia.
Geral, Guias Menores e Escoteiros, Guias Maiores e Pioneiros:Prometo pela minha honra fazer o melhor possível para: Cumprir meus compromissos para com a sociedade e à natureza; Ajudar o próximo em toda e qualquer ocasião; Respeitar ao código de princípios Guia e Escoteiro.
Guias e Seniors:Doravante meu lema será Servir, e subordinado a ele minha promessa e o código Guia e Escoteiro, assim todo ideal de minha vida será amar a natureza cuidando do próximo!
Coordenadores:Prometo pela minha honra fazer o melhor possível para: Cumprir meus compromissos para com a sociedade e à natureza; Ajudar o próximo em toda e qualquer ocasião; Respeitar ao código de princípios Guia e Escoteiro, e assim orientar e proteger todos demais nesses valores.

Motto, Principles, Laws and Promises.Motto: In the local language something that means each clan’s motto phrase, such as: “Always ready!” or “Be Prepared!
Fairies and Gnomes: “Help always!
Wolves:”Better possible!
Minor Guides and Scouts:”Always ready!” or “Be Prepared!
Guides and Seniors: “Serving!” or “Helping!
Major Guides, Pioneers and Coordinators:”Always ready!” or “Be Prepared!
Code of Principles of Anarchist Guidism and Scoutism:(Translated and adapted directly from B.P. books)Being a Guide (flag) and Scout is:be trustworthy.be loyal to others and always respect the truth.be helpful and help others at all times.seek to be friends and protectors of everyone regardless of gender, age, color, origin, country, class or creed.be courteous and kind.be friendly to animals and plants and conserve nature.respect and pay attention to the most experienced people.gladly face all difficulties.use resources wisely.act, think and be consistent with ethical values.
Code of Principles for Fairies and Gnomes:Fairy and Gnome are good for plants and animalsThe Fairy and the Gnome are companions and work happilyThe fairy and the gnome always tell the truthThe Fairy and the Gnome pay attention to everything and everyone
Code of principles of the Wolves:Wolves always listen to the Old Wolves.Wolves think of others first.Lobinha and Lobinho open their eyes and ears.Wolves are clean and always happy.Lobinha and Lobinho always tell the truth.

Promises:Beehives:I promise to always make an effort to help my family and collective, take care of nature and do a good deed every day, obeying the beehive code.
Packs:I promise to do my best to help my family and collective, take care of nature and do a good deed every day, obeying the pack’s code.
General, Minor Guides and Scouts, Major Guides and Pioneers:I promise on my honor to do my best to: Fulfill my commitments to society and nature; Helping others at any time; Respect the Guide and Scout code of principles.
Guides and Seniors:From now on my motto will be Serve, and under it my promise and the Guide and Scout code, so all the ideal of my life will be to love nature taking care of others!
Coordinators:I promise on my honor to do my best to: Fulfill my commitments to society and nature; Helping others at any time; Respect the Guide and Scout code of principles, and thus guide and protect everyone else in these values.
Lema, Principios, leyes y promesas.Lema: En el idioma local, algo que significa la frase del lema de cada clan, como: “¡Siempre listo!” o “¡Esté preparado!
Hadas y gnomos: “¡Ayuda siempre!
Lobos:”¡Mejor posible!
Guías y exploradores menores:”¡Siempre listo!” o “¡Esté preparado!
Guías y personas mayores: “¡Sirvir!” o “¡Ayudar!
Principales guías, pioneros y coordinadores:”¡Siempre listo!” o “¡Esté preparado!
Código de Principios del Guidismo y Scoutismo Anarquista y Libertario:(Traducido y adaptado directamente de los libros de B.P.)Ser Guía (bandera) y Scout es:1. Sea digno de confianza.2. Sea leal a los demás y respete siempre la verdad.3. ser útil y ayudar a los demás en todo momento.4. buscar ser amigos y protectores de todos, independientemente de su género, edad, color, origen, país, clase o credo.5. Sea cortés y amable.6. ser amigable con los animales y las plantas y conservar la naturaleza.7. Respeta y presta atención a las personas más experimentadas.8. Afronta con alegría todas las dificultades.9. Utilice los recursos con prudencia.10. actuar, pensar y ser consecuente con los valores éticos.
Código de principios para hadas y gnomos:1. Las hadas y los gnomos son buenos para las plantas y los animales.2. El Hada y el Gnomo son compañeros y trabajan felices3. El hada y el gnomo siempre dicen la verdad.4. El hada y el gnomo prestan atención a todo y a todos.
Código de principios de los Lobatos:1. Los Lobatos siempre escuchan a los Lobos Viejos.2. Los Lobatos piensan primero en los demás.3. Los Lobatos abren los ojos y los oídos.4. Los Lobatos están limpios y siempre felices.5. Los Lobatos siempre dicen la verdad.

Promesas:Colmenas:Prometo hacer siempre un esfuerzo para ayudar a mi familia y colectivo, cuidar la naturaleza y hacer una buena acción todos los días, obedeciendo el código de la colmena.
Packs:Prometo hacer todo lo posible para ayudar a mi familia y colectivo, cuidar la naturaleza y hacer una buena acción todos los días, obedeciendo el código de la manada.
Generales, Guías Menores y Exploradores Rovers, guías Mayores y Pioneros:Prometo por mi honor hacer todo lo posible para: Cumplir mis compromisos con la sociedad y la naturaleza; Ayudar a otros en cualquier momento; Respete el código de principios de Guía y Scout.
Guías mayores y Scouters:A partir de ahora mi lema será Servir, y bajo él mi promesa y el código Guía y Scout, ¡así que todo el ideal de mi vida será amar la naturaleza cuidando a los demás!
Coordinadores:Prometo por mi honor hacer todo lo posible para: Cumplir mis compromisos con la sociedad y la naturaleza; Ayudar a otros en cualquier momento; Respete el código de principios de Guía y Scout, y así guíe y proteja a todos los demás en estos valores.
شعار، المبادئ، القوانين والوعود.
 الشعار: في اللغة المحلية ، هناك شيء يعني عبارة شعار كل عشيرة ، مثل: “جاهز دائمًا!” أو “كن مستعدا!”
الجنيات والتماثيل: “ساعدوا دائمًا!”
الذئاب:”أفضل ممكن!”
المرشدون والكشافة:”دائما مستعد!” أو “كن مستعدا!”
مرشدون وكبار: “خدمة!” أو “مساعدة”!
كبار المرشدين والرواد والمنسقين:”دائما مستعد!” أو “كن مستعدا!”

قوانين التوجيهية والكشافة الفوضوي:مدونة مبادئ الإرشاد والكشافة الأناركية والتحررية:(مترجم ومقتبس مباشرة من كتب B.P.)كونك مرشدًا (علمًا) وكشافًا هو:1. كن جديرًا بالثقة.2. كن مخلصًا للآخرين واحترم الحقيقة دائمًا.3. كن مفيدًا وساعد الآخرين في جميع الأوقات.4. السعي لأن نكون أصدقاء وحماة للجميع بغض النظر عن الجنس أو العمر أو اللون أو الأصل أو البلد أو الطبقة أو العقيدة.5. كن مهذب ولطيف.6. أن تكون صديقة للحيوانات والنباتات وتحافظ على الطبيعة.7. الاحترام والاهتمام للأشخاص الأكثر خبرة.8. بكل سرور تواجه كل الصعوبات.9. استخدام الموارد بحكمة.10. التصرف والتفكير والتوافق مع القيم الأخلاقية.
مدونة مبادئ الجنيات والتماثيل:1. الجنية والجنوم جيدان للنباتات والحيوانات2. الجنية والجنوم رفيقان ويعملان بسعادة3. الجنية والقزم يقولان الحقيقة دائمًا4. الجنية والجنوم يهتمان بكل شيء وكل شخص
مدونة مبادئ الذئاب:1. تستمع الذئاب الصغيرة دائمًا إلى الذئاب القديمة.2. تفكر الذئاب الصغيرة في الآخرين أولاً.3. تفتح الذئاب الصغيرة عيونها وآذانها.4. الذئاب الصغيرة نظيفة وسعيدة دائما.5. الذئاب الصغيرة دائما تقول الحقيقة.

وعود:خلايا النحل:أعدك بأن أبذل دائمًا جهدًا لمساعدة عائلتي والجماعية ، والاهتمام بالطبيعة والقيام بعمل صالح كل يوم ، والامتثال لقانون خلية النحل.

حزم:أعدك ببذل قصارى جهدي لمساعدة عائلتي والجماعية ، والاعتناء بالطبيعة والقيام بعمل صالح كل يوم ، والامتثال لقواعد العبوة.
العامة والمرشدون الصغار والكشافة والمرشدون الرئيسيون والرواد:أعد بشرف أن أبذل قصارى جهدي من أجل: الوفاء بالتزاماتي تجاه المجتمع والطبيعة ؛ مساعدة الآخرين في أي وقت ؛ احترم دليل ومبادئ الكشافة.
المرشدين وكبار السن:من الآن فصاعدًا ، سيكون شعاري هو الخدمة ، وبموجب ذلك وعدي وكود المرشد والكشافة ، لذلك سيكون كل المثل الأعلى في حياتي هو حب الطبيعة والاهتمام بالآخرين!
المنسقون:أعد بشرف أن أبذل قصارى جهدي من أجل: الوفاء بالتزاماتي تجاه المجتمع والطبيعة ؛ مساعدة الآخرين في أي وقت ؛ احترم دليل ومبادئ الكشافة ، وبالتالي قم بتوجيه وحماية أي شخص آخر في هذه القيم.
Cerimoniais libertários: escotismo e maçonaria?
Ferradura???
Círculo como princípio de igualdade. A inspiração nos povos originais, indígenas e aborígenes.
Libertarians ceremonials: Scouting and Freemasonry?
Horseshoe???
Circle the principle of equality. The inspiration in the original peoples, indigenous and aboriginal.
Ceremoniales libertarios:
¿Exploración y la masonería?

¿Herradura ???

La vuelta al principio de igualdad. La inspiración de los pueblos originarios, indígenas y originarios.
الحريات الاحتفالات: الكشافة والماسونية؟ حدوة حصان ؟؟؟ دائرة مبدأ المساواة. الإلهام في الشعوب الأصلية، السكان الأصليين والسكان الأصليين.
Mística: Oração?partindo do princípio que não precisa se acreditar em um deus pra se orar, basta apenas querer meditar, concentrar, refletir: é possível que exista uma oração comum, mas que esta não ore a um deus específico e sim faça refletir.Adaptando a proposta de oração original de B.P., ficaria algo assim:”Quero ser generoso e leal,Quero estar sempre prontoPara ajudar como é necessárioPara doar sem restriçãoPara combater sem medo Para trabalhar sem buscar descansoE para despender de toda a minha vidaAjudando o planeta e ao meu próximo Sem esperar outra recompensa Senão a consciência e alegriaDe estar cumprindo meu dever e fazendo o útil a mim e à sociedade.Que assim seja!
Igreja verde e Vermelha? Fogo de Conselho Serão?
Mystique: Prayer?assuming you do not have to believe in a God to pray to, you just want to meditate, focus, reflect: it is possible that there is a common prayer, but it does not pray to a specific god, but do reflect.Adapting the original proposal for a prayer B.P., would look something like this:”I want to be generous and loyal,I want to always be readyTo help as neededTo give without restraintTo fight without fearTo work without seeking restAnd to spend all my lifeHelping the planet and to my nextWithout waiting another rewardBut consciousness and joyI am doing my job and doing useful to me and to society.So be it!”
Green and Red Church? Board of Fire
Mística:
¿La oración?Suponiendo que usted no tiene que creer en un Dios a hablar, lo que desea es meditar, foco, reflexionar: es posible que exista una oración común, pero no reza a un dios específico, pero sí reflejan.La adaptación de la propuesta original de calidad BP oración, sería algo como esto:”Quiero ser generoso y leal,Quiero estar siempre listoPara ayudar cuando sea necesarioPara dar sin restricciónPara luchar sin miedoPara trabajar sin buscar descansoY para pasar toda mi vidaAyudar al planeta y para mi próximoSin esperar otra recompensaPero la conciencia y la alegríaEstoy haciendo mi trabajo y hacerlo útil para mí y para la sociedad.¡Que así sea!”

¿iglesia Verde y Roja?


Junta de Fuego del consejo
الغموض: صلاة؟ على افتراض انك لم يكن لديك إلى الاعتقاد في الله أن نصلي، كنت ترغب فقط في التأمل والتركيز والتفكير: من الممكن كيو هناك صلاة مشتركة، لكنه لا يصلي لإله معين، ولكن تفكير.التكيف مع الاقتراح الأصلي لB.P. الصلاة، سوف ننظر بشيء من هذا القبيل:”أريد أن أكون كريما ومخلصا،أريد أن أكون دائما على استعدادلمساعدة حاجةلإعطاء دون ضبط النفسللقتال دون خوفللعمل دون الحصول على بقيةولقضاء كل حياتيمساعدة الكوكب وجهتي المقبلةدون انتظار مكافأة أخرىولكن وعيه والفرحوأنا أقوم بعملي والقيام مفيدا لي وللمجتمع.فليكن!

الأخضر والأحمر الكنيسة؟
مجلس النار
Especialidades ou/e Generalidades? Visão inter e transdisciplinar a ser valorizada.Stamps, Specialties and / or Generalities? inter- and transdisciplinary vision to be valued.¿Especialidades y / o generalidades?
visión inter y transdisciplinaria a ser valorada
الطوابع وتخصصات و / أو عامة؟ رؤية مشتركة بين والعبرمناهجية أن الكرام.
Metodologia: Jogos cooperativos em detrimento de competitivos, mas sem exclusão completa daqueles. (didáticas, Paulo Freire, Boaventura de Sousa Santos, etc)
Methodology: Cooperative games rather than competitive, but without complete exclusion of those. (didactic, Paulo Freire, Boaventura de Sousa Santos, etc)Metodología:
Los juegos cooperativos, a expensas de la competencia, pero sin exclusión completa de esos.
(Didáctica, Paulo Freire, Boaventura de Sousa Santos, etc.)
المنهجية: ألعاب تعاونية وليست تنافسية، ولكن من دون الاستبعاد الكامل لتلك. (باولو فريري)
Ramos e funções:
Pelo fim da nomenclatura militarista e por uma nova nomenclatura mais humanitária e libertária.
Em vez de Chefe: Coordenador.
Em vez de Monitor de patrulha (ou coordenador de equipe): Representante.
Em vez de Patrulhas: Equipes.
Alcatéias permanecem, mas mudam as idades.
Para os pequenos:
Colméias de Fadas e Gnomos.Em vez de Tropas (grupos ou ramos): Clãs. Apenas Clãs.
Clã de colméias
Clã de alcatéias e
Clãs de equipes.
Organizados por idades:
6 a 8 anos – Colméias de Fadas e Gnomos (cor alaranjado)
9 a 11 anos – Alcatéias de lobos (cor azul claro, azul celeste)
12 a 14 anos – Guias Menores e Escoteiros (cor verde)
15 a 17 anos – Guias e Seniors (cor bordô, vinho)
18 a 21 anos – Inspiradores: Guias Maiores e Pioneiros (cor branca – significando o que está pronto para receber todas as outras cores)
Acima de 21 anos – Coordenadores (cor preto, cor livre ou cor do clã que coordena se for o caso).
Em vez de números, apenas nomes. Em vez de Grupos (ou distritos bandeirantes): Núcleos.
Em vez de Distritos (sub-regiões, localidades): Áreas ou Comunas.
Regiões continuam sendo regiões, sem necessidade de uma organização nacional, apenas as regiões independentes. Quando houver necessidade de uma organização maior se organizam de forma horizontal em grupos de regiões próximas, sem necessidade de haver um chefe maior com mais poder. Mas um conjunto de Regiões pode formar Federações, sempre de forma horizontal, sem autoridade maior que as regiões e assim sucessivamente.
Um conjunto de Federações podem se reunir em Confederações,
Forma de decisão: Consenso em vez de democracia para poucas pessoas.Preferências em ordem em vez da ditadura pela maioria para muitas pessoas.(ver: https://www.youtube.com/watch?v=JLr2kX_ldzE )
Scouts branches and functions:
To the end of the militarist nomenclature and for a new, more humanitarian and libertarian nomenclature.
Instead of Chief: Coordinator.
Instead of Monitor (or team coordinator): Representative.
Instead of Patrols: Teams.
Packs remain, but the ages change.For the little ones:Hives of Fairies and Gnomes.Instead of Troops (groups or branches): Clans. Clans only.hive clanPack clan andTeam clans.
Organized by age:6 to 8 years old – Fairy and Gnome Hives (orange color)9 to 11 years old – Wolf packs (light blue, sky blue)12 to 14 years old – Minor Guides and Scouts (green color)15 to 17 years old – Guides and Seniors (burgundy, wine)18 to 21 years old – Inspiring: Major Guides and Pioneer (white color – meaning what is ready to receive all other colors)Over 21 years old – Coordinators (black color, free color or coordinating clan color, if applicable).
Instead of numbers, just names. Instead of Groups (or Scout Districts): Nuclei.
Instead of Districts (sub-regions, localities): Areas or Communes.
Regions remain regions, without the need for a national organization, just independent regions. When there is a need for a larger organization, they organize themselves horizontally into groups of neighboring regions, without the need for a larger leader with more power. But a set of Regions can form Federations, always horizontally, with no greater authority than the regions, and so on.
A set of Federations can come together in Confederations,
Form of decision: Consensus instead of democracy for a few people.Preferences in order rather than dictatorship by the majority for many people.(to see: https://www.youtube.com/watch?v=JLr2kX_ldzE)
Ramas y funciones de las guías y los scouts:
Por el fin de la nomenclatura militarista y por una nueva nomenclatura más humanitaria y libertaria.
En lugar de Jefe: Coordinador.
En lugar de Monitor (o coordinador del equipo): Representante.
En lugar de patrullas: equipos.
Las manadas permanecen, pero las edades cambian.Para los más pequeños:Colmenas de hadas y gnomos.En lugar de Tropas (grupos o ramas): Clanes. Solo clanes.clan colmenaPack clan yClanes de equipo.
Organizado por edad:6 a 8 años – Colmenas de hadas y gnomos (color naranja)9 a 11 años – manadas de lobos (celeste, celeste)12 a 14 años – Guías y Scouts menores (color verde)15 a 17 años – Guías y Seniors (burdeos, vino)De 18 a 21 años – Inspirador: Guías principales y Pioneer (color blanco, es decir, lo que está listo para recibir todos los demás colores)Mayores de 21 años – Coordinadores (color negro, color libre o color de clan coordinado, si aplica).
En lugar de números, solo nombres. En lugar de Grupos (o Distritos Scout): Núcleos.
En lugar de Distritos (subregiones, localidades): Áreas o Comunas.
Las regiones siguen siendo regiones, sin la necesidad de una organización nacional, solo regiones independientes. Cuando se necesita una organización más grande, se organizan horizontalmente en grupos de regiones vecinas, sin necesidad de un líder más grande con más poder. Pero un conjunto de Regiones puede formar Federaciones, siempre horizontalmente, sin mayor autoridad que las Regiones, etc.
Un conjunto de Federaciones puede unirse en Confederaciones,Forma de decisión: consenso en lugar de democracia para unas pocas personas.Preferencias en orden antes que dictadura de la mayoría para muchas personas.(para ver:https://www.youtube.com/watch?v=JLr2kX_ldzE)
فروع ووظائف المرشدين والكشافة:
إلى نهاية التسمية العسكرية ومن أجل تسمية جديدة أكثر إنسانية وتحررية.
بدلا من الرئيس: المنسق.
بدلاً من مراقب (أو منسق الفريق): ممثل.
بدلاً من الدوريات: الفرق.
تبقى العبوات ، لكن الأعمار تتغير.للصغار:خلايا الجنيات والتماثيل.بدلاً من القوات (مجموعات أو فروع): العشائر. العشائر فقط.عشيرة الخليةحزمة العشيرة وعشائر الفريق.
منظمة حسب العمر:6 إلى 8 سنوات – خلايا الجنية وجنوم (اللون البرتقالي)من 9 إلى 11 عامًا – عبوات الذئب (أزرق فاتح ، أزرق سماوي)من 12 إلى 14 عامًا – صغار المرشدين والكشافة (اللون الأخضر)من 15 إلى 17 عامًا – مرشدون وكبار (بورجوندي ، نبيذ)من 18 إلى 21 عامًا – مُلهم: أدلة رئيسية ورائدة (اللون الأبيض – يعني ما هو جاهز لاستقبال جميع الألوان الأخرى)أكثر من 21 عامًا – المنسقون (اللون الأسود أو اللون المجاني أو لون العشيرة المنسق ، إن أمكن).
بدلا من الأرقام ، مجرد أسماء. بدلاً من المجموعات (أو المناطق الكشفية): Nuclei.
بدلاً من الأحياء (المناطق الفرعية ، المحليات): المناطق أو الكوميونات.
تظل المناطق مناطق ، دون الحاجة إلى منظمة وطنية ، مناطق مستقلة فقط. عندما تكون هناك حاجة إلى منظمة أكبر ، فإنهم ينظمون أنفسهم أفقيًا في مجموعات من المناطق المجاورة ، دون الحاجة إلى قائد أكبر يتمتع بسلطة أكبر. لكن يمكن لمجموعة من المناطق أن تشكل اتحادات ، أفقيًا دائمًا ، مع عدم وجود سلطة أكبر من المناطق ، وما إلى ذلك.
يمكن لمجموعة من الاتحادات أن تجتمع في اتحادات ،شكل القرار: إجماع بدلاً من ديمقراطية لقلة من الناس.تفضيلات بالترتيب بدلاً من دكتاتورية الأغلبية لكثير من الناس.(لترى:https://www.youtube.com/watch؟v=JLr2kX_ldzE)
Valorizamos: Igualdade de direitos, de gênero, cor, raça, credo, cultura, renda, deveres, acessos. Em detrimento: das fronteiras, religiões, poder centralizado, capital, exploração.
We Value: Equal rights, gender, color, race, creed, culture, income, duties, access. Over: borders, religions, centralized power, capital, exploration.Valoramos:
La igualdad de derechos, género, color, raza, credo, cultura, los ingresos, los derechos de acceso.


En detrimento:
fronteras, religiones, poder centralizado, el capital, la exploración.
القيمة: المساواة في الحقوق أو الجنس أو اللون أو العرق أو العقيدة أو الثقافة، والدخل والرسوم والوصول. على مدى: الحدود والأديان ومركزية السلطة ورأس المال والاستكشاف.
Roupas e UniformesUniformes???!!!
A ideia é que cada membro vista-se de roupas simples adequadas a cada região, sem nenhuma obrigação de forma de se vestir. A única coisa em comum será o uso de um lenço, preferencialmente feito pelo próprio membro, e que pode ser usado para identificar ramo (clã) ou núcleo. As especialidades serão de conhecimento geral sem necessidade de uma diferenciação para isso. Os símbolos da associação mundial poderão estar no próprio lenço.

Clothing and Uniforms
Uniforms??? !!!
The idea is that each member to wear simple clothes suitable to each region, without any obligation to way of dressing. The only thing in common is the use of a handkerchief, preferably made by the member itself, and that can be used to identify branch (clan) or core. The specialties are generally known without differentiation for this. The symbols of world association may be in the scarf itself.
Ropa y uniformes¿Uniformes ??? !!!
La idea es que cada miembro de llevar ropa sencilla adecuadas para cada región, sin ninguna obligación de forma de vestir. La única cosa en común es el uso de un pañuelo, preferiblemente hecho por el propio miembro, y que se puede utilizar para identificar la rama (clan) o núcleo. Las especialidades son generalmente conocidos y sin diferenciación para esto. Los símbolos de la asociación mundial pueden estar en la misma bufanda.
الملابس والزي الرسمي
الزي الرسمي؟؟؟ !!!
والفكرة هي أن كل عضو على ارتداء ملابس بسيطة مناسبة لكل منطقة، دون أي التزام طريق خلع الملابس. الشيء الوحيد المشترك هو استخدام منديل، كان يفضل من العضو نفسه، والتي يمكن استخدامها لتحديد فرع (عشيرة) أو الأساسية. من المعروف أن التخصصات عموما دون تمييز لهذا الغرض. قد تكون رموز جمعية العالم في وشاح نفسها.




Outras referências: Links relacionados escotistas. https://escoteirogeografo.blogspot.com.br/2012/04/pedagogia-libertaria.html
https://www.dailykos.com/story/2015/8/8/1409988/-The-Boy-Scouts-of-America-Has-a-Long-Way-to-Go
https://anarchistgs.blogspot.com.br/


Links relacionados anarquistas.Livro que deveria ser base: Walden, ou, A vida nos bosques (Thoreau).
https://partidoanarquistainternacional.blogspot.com.br/2013/11/palavra-de-escoteiro-anarquista.html


Outros links de interesse. https://en.wikipedia.org/wiki/Permaculture
https://permacultureprinciples.com/


Other references: Related Links Scout. https://escoteirogeografo.blogspot.com.br/2012/04/pedagogia-libertaria.html
https://www.dailykos.com/story/2015/8/8/1409988/-The-Boy-Scouts-of-America-Has-a-Long-Way-to-Go
https://anarchistgs.blogspot.com.br/


Anarchists related links.
Basic book:  Walden,  or, Life in the Woods (Thoreau) https://partidoanarquistainternacional.blogspot.com.br/2013/11/palavra-de-escoteiro-anarquista.html

مراجع أخرى: روابط ذات صلة الكشفية. https://escoteirogeografo.blogspot.com.br/2012/04/pedagogia-libertaria.html
https://www.dailykos.com/story/2015/8/8/1409988/-The-Boy-Scouts-of-America-Has-a-Long-Way-to-Go
https://anarchistgs.blogspot.com.br/


الفوضويين روابط ذات صلة.
كتاب الأساسي: والدن، أو الحياة في وودز (ثورو) https://partidoanarquistainternacional.blogspot.com.br/2013/11/palavra-de-escoteiro-anarquista.html

“Democracia” brasileira e outras democracias representativas de verdade: OU “Democracia, BDSM e abuso” ou o que o BDSM tem a ensinar pra sociedade

Democracia grega original, outras atuais e uma ideia de que os nossos representantes estão aqui para atender ao povo, às pessoas e não às instituições. As instituições também devem existir para atender às pessoas e não o contrário.

A democracia, assim como as relações entre governo e pessoas, instituições e pessoas precisam ser consensuais em benefício dos segundos, a fim de atende-los sempre.

O governo (ou os representantes das comunidades e do povo) e as instituições devem existir para atender ao povo e não o contrário. Claro que pode (e deve) ser uma via de mão dupla expor isso ao consenso. Mas jamais pode prejudicar as pessoas como indivíduos, senão é abuso.

Isso posto, chegamos ao BDSM. Que é um conjunto de práticas que assustadoramente envolve as parafilias: Bondage (prender, amarrar, imobilizar) e Disciplina, e/ou Dominação e Submissão, e/ou Sadismo e Masoquismo, e suas variaçãos, sem necessariamente envolver sexo (penetração) e e que necessariamente tem princípios éticos a serem respeitados, como por exemplo o CSS, que significa: CONSENSUAL, SEGURO (que não tenha riscos ou se tenha consciência dos riscos ao ponto de minimizá-los ou eliminá-los) e SÃO (no sentindo de que não prejudique a saúde, saudável e não que seja santo). Caso não se respeitem esses princípios: é abuso. As relações entre top e botton (respectivamente quem executa a ação e quem sofre a mesma, ou quem comanda e quem obedece, ou quem propões e quem aceita) devem sempre ter esses acordos bem claros (as vezes se assina um acordo inclusive, com cópias em duas vias), sem prejuízos algum para os segundos mas de forma que seja sempre bom para ambos, uma via de mão dupla e por isso CONSENSUAL. Se os segundos forem prejudicados de qualquer forma, novamente, é abuso.bdsm

É portanto também o que diferencia relacionamentos abusivos de verdadeiros. Maioria das mulheres (e homens) que conheço, quando buscam relações é para que elas sejam ideais e equilibradas dentro de cada gosto, mas por exemplo, na lógica de se ter parceiro que as torne “feliz e mulher” (exemplo da Tigresa, Caetano Veloso) através de uma mesma pessoa, no mesmo parceiro.
Acontece que a nossa educação naturalmente machista ensinou elas a não expressarem seus desejos, tornando-se submissas (no mal sentido, sem a CSS, vulneráveis), e portanto sujeitas aos desejos dos parceiros. Estes que podem ser carinhosos (e fazê-las felizes) querendo “algo sério”, serem românticos, etc… Mas por serem tão bonzinhos, “as respeitam” e não abusam delas (no bom e no mal sentido). Mas também não são educados a falarem a fim de encontrarem seus desejos mais íntimos, expondo-os.
Aí que moram os problemas: pois ambos não foram educados a se expressarem em seus desejos íntimos mais sinceros com seus parceiros. Não há consenso nunca. Então eventualmente essas mulheres encontram outros parceiros em vida, aos quais “são mulher” mas não felizes. O mesmo acontece com os homens. Pela mesma falta de consenso e comunicação dialogada, se sujeitam a caras que as usam sexualmente apenas (pois sua educação também machista os educou assim, a que elas sejam apenas objetos de prazer), e que neste sentido as realizam “fisicamente” (quando tanto) mas não sabem fazê-las de forma a serem felizes, completas. Falta novamente o CSS.

Conclusão: conversas sinceras e clareza com uma educação prévia são as coisas mais importantes da vida para se definir o CSS de todas as relações (não só num BDSM), sejam relações pessoais, laborais, de consumo ou democráticas com o governo ou comunidade em que se vive.

Anarquia seria isso: um sistema sem necessidade de um governo pois o consenso é o guia e com bom senso, é são e seguro para as pessoas o que seria garantido por sua educação e base para que todas as negociações tivessem o mesmo nível de diálogo entre todos envolvidos, para que fossem horizontais e sem abusos por parte de quem tem mais força: governos (ou nossos ” representantes”) ou instituições sobre os cidadãos, para que todas as relações fossem transparentes e igualitárias, portanto, consensuais.

Curioso pela relação né? Mas repare como a natureza, que deveria sempre servir de inspiração para o ser humano, como parte da mesma, nos ensina isso. Para saber mais leia Kropotkin.


LINKS – LEIA TAMBÉM:

Páginas interessantes sobre o assunto, com outras opiniões. Leituras complementares. (Os links a seguir não necessariamente representam a opinião deste autor, alguns inclusive contradizem. Tem, portanto, função de enriquecer a discussão e fazer você desenvolver sua própria opinião.)

  1. experimente-se. Conheça-se antes de se meter em um relacionamento.
  2. Democracia ou Ditadura? não, Comuna!
  3. Relacionamento: abrir, trair, mentir OU respeitar, falar, confiar?
  4. BDSM e a bengala que se chama Liturgia (que não existe como pensam e poderia ser apenas substituida por “protocolo” em cada contexto) – https://fetlife.com/users/66305/posts/4023792 (precisa login).
  5. Transgressão e consenso: Como lidar com os desejos de violência no sexo? É possível conciliar o desejo de dominação no sexo com a busca por equidade de gênero na vida real? – https://www.papodehomem.com.br/transgressao-e-consenso-como-lidar-com-os-desejos-de-violencia-no-sexo.
  6. O consentimento sozinho não é suficiente. – https://linonaderer.medium.com/o-consentimento-sozinho-n%C3%A3o-%C3%A9-suficiente-b23d845f577.

COMO ESCREVER UM ARTIGO CIENTÍFICO OU UMA TESE?

por Lourens Poorter, 2018

[tradução de Marcelo Venturi, 2019]
[notas do tradutor entre colchetes para maior compreensão]

Sobre o que é este documento? Este documento fornece diretrizes e dicas sobre como escrever artigo científico ou uma tese de pós-graduação. Existem muitos estilos de escrita diferentes; um não é necessariamente melhor que o outro, e depende do campo científico ou das preferências pessoais. Contudo, escrita científica é sobre comunicação, e o manuscrito deve ser sucinto, interessante e atraente para ler, bem justificado, inequívoco e nítido e claro. Aqui estão algumas diretrizes e dicas que eu acho que são importantes para escrever um bom manuscrito científico, e que são, na minha experiência, importantes para periódicos, editores, revisores e examinadores. Espero que as orientações, dicas e truques sejam úteis para você também.
Por que as diretrizes são relevantes para artigos científicos e teses? Uma tese pode ser escrita na forma de um artigo e ter os mesmos elementos que um artigo, mas tende a ser mais longa. Consequentemente, a maioria das dicas que se aplicam a um artigo também pode ser aplicadas a uma tese. Quando uma dica se aplicar a um tese apenas, então será indicado por um “(T)”.
Como este documento é estruturado? Essas diretrizes contêm seções diferentes. Primeiro explica como você pode estruturar seu manuscrito de maneira clara. Em segundo lugar, fornece dicas para as diferentes seções padrão de um manuscrito científico (a introdução, perguntas e hipóteses, métodos, resultados, discussão, resumo e título). Terceiro, fornece dicas para escrever o estilo, como citar e como melhorar seu manuscrito em um curto espaço de tempo. As dicas são numeradas e começam com uma recomendação em negrito. Em seguida, explica e expande a recomendação e ilustra isso com alguns exemplos como (ou não) expressar seu texto.
Aprecie a escrita!

Lourens Poorter
Grupo de Ecologia Florestal e Manejo Florestal, Wageningen University & Research (WUR), Wageningen, Holanda.

Junho de 2018


 

ESTRUTURA

1. Faça um esboço antes de começar a escrever. Coloque no contorno o cabeçalho de cada parágrafo, e em uma frase a mensagem que é ideia do parágrafo. Desta forma, você pode avaliar se a estrutura é lógica e para qual caminho sua tese está indo. Isso evita que você escreva “pro nada” e perca muito tempo. Você pode fazer um esboço para toda a tese / artigo, ou para uma seção (por exemplo, a introdução). Discuta este esboço com o seu orientador.

2. Comece cada capítulo com uma introdução geral. Isso garante que você defina claramente tópico de interesse e também fornece foco. Explique e justifique por que o tópico é importante (para convencer o leitor que o texto seguinte será relevante). Além disso, forneça um guia de leitura que você discutirá nos próximos capítulos ou parágrafos. Desta forma, você fornece estrutura para o leitor, para que a pessoa saiba o que você está almejando, e qual é a lógica por trás dos diferentes passos que você tomará para chegar à sua conclusão final.

3. Termine cada capítulo com um parágrafo final. Desta forma, você resume as principais conclusões para o leitor. Você evita que o leitor primeiro tenha que tentar destilar as principais conclusões da sua história, pois isso leva tempo e requer maior dissernimento e visão geral. Ele também fornece um bom resumo, para garantir que o leitor esteja na mesma página que você, para que possa continuar lendo o próximo capítulo.

4. Dê a cada parágrafo um cabeçalho. Isso garante que você e seu leitor tenham uma visão geral clara da estrutura da sua história. Ele permite que você perceba que é melhor mover alguns parágrafos em outro lugar para obter uma linha clara de raciocínio ou um fluxo lógico na sua história. Também permite a você perceber que um certo trecho de texto não se encaixa no parágrafo, mas que deve ser movido para outro parágrafo. Isso aumenta a coerência da sua história. Você pode fazer esses cabeçalhos em cinza (ou outra cor chamativa) na fase de escrita e remova-os na versão final do documento.

5. O cabeçalho deve atender o conteúdo por completo e ser suficientemente extenso, para que o leitor entende imediatamente o que você está falando. Por exemplo, o cabeçalho “Certificação florestal” indica apenas o tópico, mas não é tão informativo, ao passo que o cabeçalho “A certificação florestal contribui para um melhor manejo florestal?” é muito mais claro e informativo.

6. Menos é mais! Seja focado, curto e direto ao ponto, senão sua mensagem se perderá na riqueza de informação. Saiba que leitores, editores e revisores estão sob pressão de tempo e que a revista está sob pressão de espaço. Quais 4 figuras, 3 tabelas e texto você realmente precisa fazer pra provar seu ponto? Basta apagar o resto (Fora! Sem dó!) ou colocá-los em um apêndice on-line.

7. Assegure-se de que você tenha uma história completa, redonda e coerente. Um manuscrito se desenvolve às vezes de forma orgânica em direções inesperadas e indesejáveis. Perceba que a escrita é um processo iterativo, e você deve ir e voltar para as diferentes seções do seu manuscrito para verificar se eles são consistentes. Sempre verifique se você fornece na discussão uma resposta explícita seus objetivos de pesquisa e pergunta(s)? As hipóteses que você apresenta na introdução ainda são as mesmas que você repete na discussão? O diagrama conceitual que você apresenta na introdução realmente corresponde aos testes que você faz nos resultados?

INTRODUÇÃO

8. Em 6 parágrafos, a história completa. A introdução de um artigo científico tem normalmente 6 parágrafos e 800 palavras. O primeiro parágrafo é a declaração / justificativa do problema.
Os parágrafos 2-4 discutem as 3 questões de pesquisa. O n.º 5 indica o nicho e a novidade do seu estudo e o que você fará. O parágrafo 6 contém as questões e hipóteses de pesquisa.
Para um relatório de tese você pode usar mais palavras e espaço, mas a ideia principal é a mesma. Quando você escreva a discussão, faça-a de um modo em forma de funil, indo do geral para o específico.

9. Primeiro parágrafo: justificativa. Explique no primeiro parágrafo porque isso é um tópico tão importante (seja do ponto de vista social ou científico). Isso torna imediatamente claro para o leitor porque realmente tem que ler este artigo e não outro.

10. Primeiro parágrafo: o objetivo. Termine o primeiro parágrafo com o objetivo do seu estudo. Então se torna imediatamente claro para o que você está indo e sobre o que é o papel. Senão torna-se um tipo de precipício e o leitor tem que segui-lo através de seu labirinto de pensamentos e ler o final da introdução antes de descobrir sobre o que é o artigo/tese.

11. Parágrafo 2-4: breve revisão de suas questões de pesquisa. Assegure que cada questão da pesquisa foi introduzida e tratada na introdução. Mas suas perguntas de pesquisa saíram do infinito, no final da introdução. Além disso, cientificamente somos os “anões nos ombros dos gigantes ”. Muito já se sabe sobre o assunto, e seria bom resumir para o leitor o estado da arte sobre este tema, para que você possa embarcar de lá nesta jornada científica e adicionar conhecimento adicional. Além disso, se você não informar o leitor sobre o que sabemos, então as hipóteses virão do nada. Por isso, para cada pergunta de pesquisa você precisa de 1-2 parágrafos correspondentes na introdução.

12. Parágrafo 5: a lacuna de conhecimento. Qual é exatamente a lacuna de conhecimento que seu estudo vai buscar? Deixe isto explícito neste parágrafo, senão o leitor (e mais importante, o editor e revisor) tem que descobrir por si mesmos, e se eles têm que colocar um grande esforço em encontrar eles vão preferir não ler ou rejeitar seu artigo.

13. Parágrafo 5: a novidade. Revistas científicas podem publicar um número limitado de artigos, e eles preferem publicar artigos que forneçam uma nova contribuição e avancem a ciência do que confirmar o conhecimento existente. Você tem que convencer o editor / revisor / leitor (nesta ordem) por que eles devem aceitar ou ler este artigo. Você deve enfatizar onde você é a novidade deste artigo. Sua novidade pode estar no conteúdo ou na magnitude. Pode ser uma ideia nova, um primeiro teste de uma ideia, ou um teste a uma escala (global) sem precedentes, que permite realmente generalizar resultados de pesquisas anteriores. Por exemplo, “Até onde sabemos, testamos pela primeira vez se … ”. Ou: “Pouco se sabe sobre…, mas aqui testamos se….”. Ou: “aqui nós testamos em um escala sem precedentes de N parcelas e N bilhão de árvores se…. ”. Então, se você não tiver ideias, exploda leitores de distância com números impressionantes (se é aí que está a sua força).

14. Parágrafo 5: explique o que você fará. Se você não explicar o que vai fazer, então as perguntas virão do nada. Portanto, explique no final do parágrafo 5, brevemente, o que você vai fazer. Por exemplo: “Aqui vamos analisar a hipótese do distúrbio intermediário, relacionando riqueza de espécies à intensidade da perturbação, usando 2000 parcelas em um ambiente de floresta tropical ganense.”

15. Parágrafo 6: perguntas. Ver abaixo.

16. O complemento atrativo: o diagrama conceitual. Um diagrama conceitual é um breve resumo do problema, seus componentes e como eles estão relacionados uns com os outros e afetam entre si. Um diagrama conceitual é 1) visual e, portanto, mais atraente que o texto, 2) relativamente simples e, portanto, mais curto e mais conciso do que o texto, 3) sem ambiguidade, e portanto, mais claro que o texto, 4) uma representação mais fácil das relações de causa e efeito.
Fazer um diagrama conceitual força você como escritor e pesquisador a deixar tudo claro e explícito e ter a relação de causa e efeito clara. Por exemplo, A e B estão associados, é que porque A afeta B, B afeta A ou porque A e B são afetados por outro fator C ?.
Por isso, é realmente atraente, mas também realmente científico se você puder explicar a causa-feito das relações em um diagrama conceitual. Coloque suas variáveis ​​principais em caixas. Ligue as caixas com setas; flechas. Coloque um “+” ou “-” ao lado das setas, para indicar se a relação é positiva ou negativo, e varie a espessura das setas para indicar a força do relacionamento. Para tese tal diagrama conceitual é uma obrigação, para um artigo científico não é comumente usado (como diagramas precisam de espaço, e os periódicos não gostam de “desperdiçar” espaço nas figuras), mas pode ser muito atraente para os leitores, especialmente quando você testa as setas do seu modelo conceitual com um regressão múltipla, um modelo de caminho ou um modelo de equação estrutural.

PERGUNTAS E HIPÓTESES

17. Não formule objetivos (específicos), mas formule perguntas e hipóteses. Quando você escreve uma tese, pensa-se frequentemente que você deve formular objetivos gerais ou metas, e então objetivos/metas específicos, questões e hipóteses. A distinção entre estes é gradual e nem sempre clara. Eles também são parafraseados a cada vez de maneiras ligeiramente diferentes, por isso parece muito repetitivo quando você lê. Portanto, apresente apenas questões e hipóteses, especialmente quando você escreve um artigo.

18. Não faça poucas nem muitas perguntas. Quando você formula uma pergunta muito longa com muitas subquestões, o leitor se perde na estrutura. Quando você formula também muitas perguntas o leitor perde a visão geral. Além disso, o leitor tem uma capacidade curta de memória recente, e não consegue lembrar mais de 3 perguntas. Por isso, sempre formule 1-3 perguntas, e dê-lhes números (1,2,3), para que a estrutura fique clara para o leitor.

19. Sempre faça hipóteses. Quando você não faz hipóteses, parece que você está em uma “Expedição de pesca” (“vamos ver o que temos …”). Isso parece um pouco ignorante e não tão científico.
Portanto, faça para cada questão uma hipótese. Isso cria uma expectativa clara do que esperar e o porquê, e coloca o leitor na mesma página/ritmo que você. Também permite repetir o hipóteses na discussão, com as quais você cria uma estrutura clara para a discussão.

20. Uma hipótese inclui uma previsão e um mecanismo. Na hipótese você indica a expectativa/previsão (por exemplo: “A fertilização com nitrogênio levará a um aumento no crescimento das plantas …”) e o mecanismo (“… porque mais nitrogênio leva a maiores concentrações de proteína, Rubisco, e ganho de carbono fotossintético”). Ao declarar o mecanismo, você deixa claro para todos que você tem essa previsão e não a previsão ao contrário (por exemplo, a fertilização levará para diminuir o crescimento das plantas). Note que idealmente você pode medir alguns desses mecanismos (por exemplo, ganho de carbono fotossintético), e testá-los explicitamente (ou seja, se o ganho tem um efeito positivo no crescimento das plantas). Às vezes isso não é possível, e isso também é bom, sem problema. Sempre mencione na sua hipótese em que direção o efeito será (por exemplo, afirmando que “A fertilização aumentará o crescimento das plantas”), ao invés de dizer que “a fertilização afetará crescimento” (isso não é tão informativo, e se não afetar o crescimento então você não teria realizado esta experiência em primeiro lugar …).

21. Ilustre suas hipóteses com gráficos de previsão (T). Os gráficos são sempre mais visuais e mais claro que o texto. Ele permite que você explique como deseja testar sua hipótese graficamente. Então, se você prevê que a fertilização tem um efeito positivo no crescimento das plantas, faça uma gráfico com intensidade de fertilização no eixo X e taxa de crescimento no eixo Y. Ao fazer uma gráfico também fica claro como você deseja testar sua hipótese estatisticamente; quando você desenha um linha com um gráfico de dispersão que significa que você deseja testá-lo com uma análise de regressão, quando você faz um gráfico de barras com barra de baixa e alta fertilidade, isso significa que você quer testá-lo com um teste t.

22. Resuma suas hipóteses em uma tabela (T). Se você tem muitas hipóteses, você pode resumí-las em uma tabela. Por exemplo, se você quiser saber como a fertilização afeta a concentração de proteína, concentração de rubisco, ganho de carbono fotossintético, crescimento de plantas e produção, você pode fazer uma tabela com 4 colunas; uma coluna com as 7 variáveis ​​de resposta em linhas, uma coluna com a previsão da direção (aumentar, diminuir ou nenhum efeito), uma coluna na qual você explica por quê e uma coluna com referências que fazem backup de suas previsões.

MÉTODOS

23. O local do estudo deve ser apresentado nos métodos. Os métodos começam normalmente com o descrição do [contexto, como] local e da espécie, seguido do desenho do estudo (por exemplo, tratamentos, aninhamento e réplicas), medições e análises estatísticas. Você espera que os outros possam aprender com o seu estudo, no qual você usa o seu local de estudo como um caso em que você ilustra e analisa um problema fundamental ou aplicado. Como o seu local de estudo não é o foco principal, você não deve apresentá-lo extensivamente na introdução (você até pode mencioná-lo brevemente, para que o leitor saiba onde sua pesquisa foi realizada) mas nos métodos. Você apenas deve mencionar o local de estudo mais extensivamente na introdução quando a sua questão de pesquisa é muito dependente do local e quase apenas localmente relevante. Ao descrever o local do estudo nos métodos, vá do geral para o específico. Assim, primeiro comece [por exemplo, se for o caso] com a localização (como determina o clima e solos, que serão encontrados lá), então o clima (como co-determina solo e vegetação), então o solo (como determina a vegetação), então enfim o tipo de vegetação.

24. Justifique suas escolhas metodológicas. Nos métodos, os autores costumam escrever em ordem cronológica, ordenando o que eles fizeram. No entanto, a pesquisa pode ser feita de muitas maneiras diferentes. Justifique por que você faz algo, para que o leitor possa primeiro entender por que você fez o que fez, e segundo possa julgar se você fez a coisa mais apropriada para resolver suas dúvidas. Então não diga: “Eu estabeleci as parcelas, medi o crescimento das árvores e as condições de luz”. Mas diga: “Avaliar se a extração aumenta a abertura do dossel, a irradiância e o crescimento das plantas, então estabeleci 10 parcelas em áreas gramadas e 10 parcelas em áreas de controle, quantifiquei ambientes de luz de sub-bosque colocando um sensor quântico em cada parcela e avaliei a taxa de crescimento medindo anéis de árvores para 10 mudas aleatórias por parcela.”

25. Diga primeiro o que você quer saber e depois o que você fez. Quando os autores justificam escolhas metodológicas, eles frequentemente fazem isso em uma ordem cronológica. Isso tem como desvantagem o leitor primeiro ter que ler e lembrar a primeira parte da frase antes de descobrir e entender apenas na última parte da frase porque você fez isso. Então não diga “estabeleci 10 parcelas de inventário de árvores em áreas gramadas e 10 parcelas em áreas de controle para avaliar se a exploração madeireira afeta o crescimento das árvores”, mas diga “Para avaliar se a extração madeireira afeta o crescimento das árvores  estabeleci 10 parcelas de inventário de árvores em áreas derrubadas e 10 parcelas em áreas de controle”.

26. Estatística: seja chique, mas não exagere. Às vezes os ecologistas querem se mostrar com suas habilidades estatísticas e tentam matar um mosquito com uma bala de canhão (eu não sei se isso é adequado em inglês, mas pelo menos é uma boa expressão holandesa). Você pode impressionar o revisor com suas habilidades, mas você também pode perder seus leitores com um exagero estatístico. Então não exagere, como as únicas duas coisas que você deve querer alcançar são apresentar resultados sólidos e comunicar seus resultados de forma que sua mensagem seja transmitida.

RESULTADOS

27. Apresente seus resultados na mesma ordem que suas perguntas de pesquisa. Isso cria uma estrutura semelhante e, portanto, é mais fácil de entender.

28. Apresente seus resultados em parágrafos, usando os mesmos cabeçalhos de suas questões da pesquisa. Então fica claro quais resultados correspondem a qual pergunta.

29. Menos é mais! Apresentar apenas os principais resultados no texto principal, o restante em um apêndice.
Sem dúvida você fez muitas coisas interessantes que você quer compartilhar com o mundo, mas a maioria dos leitores estão interessados ​​na história principal. Se você apresentar muitos resultados eles vão perder a visão geral e o fio da meada, e apenas os obstinados vão querer saber os detalhes essenciais. Então coloque apenas os principais resultados que abordam suas perguntas no texto e coloque o restante em um apêndice. Todas revistas científicas têm apêndices eletrônicos nos dias de hoje, então use-os [e na tese coloque tudo ao final como complemento].

30. O que apresentar? Os principais resultados que testam suas hipóteses, que são interessantes ou mais surpreendentes. Você provavelmente tem uma infinidade de resultados, então, por favor, não apresente todos, senão você e o leitor vão se afogar nos dados. Concentre-se nos resultados que 1) você precisa pra testar hipóteses (mesmo que não seja significativo), 2) são interessantes (quais são os 2-3 mais fortes preditores de seus resultados, ou as 2-3 correlações mais fortes?), 3) são surpreendentes (por exemplo, você fez uma experimento de fertilização e descobriu que, de fato, a taxa de crescimento é mais fortemente impulsionada pela disponibilidade,de água ou você fez um experimento de fertilização esperando que iria aumentar a biomassa, e daí, a produção de sementes, mas você acha que as plantas com mais biomassa têm menor produção de sementes).

31. Não seja exagerado, mas breve: como apresentar muitos resultados? Você pode apresentar muitos resultados de maneira sucinta por 1) agrupá-los de uma maneira lógica (por exemplo, os efeitos positivos, o efeitos neutros, os efeitos negativos), 2) apresentá-los em uma ordem lógica (primeiro positivo, depois neutro, então efeitos negativos, ou primeiramente apresentando os que você está mais interessado), 3) apenas apresentando os mais importantes, 4) apresentando apenas os principais parâmetros estatísticos, 5) concentrando-se nos resultados significativos. Portanto, não diga: “O crescimento das árvores aumentou significativamente com disponibilidade de nutrientes (r = 0,55, P <0,01), não foi afetada pelo pH (r = 0,03, P> 0,05), aumentou disponibilidade de água (r = 0,25, P <0,05), aumentou com a disponibilidade de luz (r = 0,76, P <0,001), diminuiu significativamente com a concentração de alumínio (r = -0,47, P <0,01) e tendeu a ser relacionado com a quantidade de cães fazendo xixi (r = 0,15, P = 0,08), mas não significativamente”. Isto é um ordem aleatória de muitas coisas com muitos números e, portanto, difícil de lembrar.
Diga: “O crescimento das árvores aumentou significativamente com a disponibilidade de luz (r = 0,76), a disponibilidade de nutrientes (r = 0,55), e disponibilidade de água (r = 0,25), diminuiu significativamente com a concentração de alumínio (r = -0,47) e não foi significativamente afetado pelas outras variáveis ​​ambientais. ”

32. Consulte o texto para as tabelas e figuras relevantes. Se você fizer uma declaração baseada em um figura ou tabela, por favor consulte também a Tabela/Figura, para que o leitor saiba com base no que você tira essa conclusão. Por exemplo, “Um aumento na irradiância leva a um aumento crescimento de plantas (Fig. 1)”. Muitas vezes uma tese ou artigo contém tabelas e figuras que nunca foi citado no texto!

33. Não seja prolixo, mas breve: apresentando figuras. Quanto mais curto e mais direto na mensagem, mais fácil é para o leitor entender. Por isso, não escreva “Na primeira figura você pode ver que quando você entrelaça o crescimento das árvores com a disponibilidade de luz, as árvores que recebem mais luz crescem mais rápido”. Escreva: “O crescimento das árvores aumenta com o aumento da luz disponibilidade (Fig. 1)”. Então, apenas cite a figura entre parênteses no final da frase.

34. Faça uma legenda clara e completa para suas Figuras e Tabelas, para que possam ser lidas e entendidas sozinhas. Explique na legenda exatamente o que está contido na figura ou na tabela, para que o leitor não precise adivinhar ou pesquisar novamente nos materiais e métodos. Qual variável está no eixo x, e qual no eixo y? Se você apresentar vários subgrupos, quais são esses (por exemplo, corvos masculinos e femininos)? O que as barras representam? a mediana ou a média? o que as barras de erro representam; o erro padrão da média, o desvio padrão ou a alcance? Se você usa cores diferentes, o que elas significam? Qual é o tamanho da amostra (N)? Convenção é também que a legenda esteja situada abaixo nas figuras e acima nas tabelas [mas veja as normas de cada revista ou da biblioteca ou programa antes para confirmar]. Dê uma olhada em artigos científicos [desta revista ou deste curso no qual está escrevendo a tese] como as legendas são feitas.

35. Estruture suas tabelas para que o leitor obtenha a visão geral. Quando você tem uma mesa com (também) muitas variáveis ​​de resposta (por exemplo: > 6 linhas de variáveis ​​de resposta), então é difícil para o leitor para obter a visão geral. Isso ajuda se você agrupar as variáveis ​​de resposta de maneira conceitual, por exemplo, se você mediu 10 características de plantas, você pode agrupá-las em características foliares, e traços da raiz). Ordene esses grupos de maneira lógica. Outro exemplo, se o seu estudo é sobre uso de nutrientes, você pode começar com características de raiz para absorção de nutrientes, seguido por traços de ramos que transportam nutrientes, seguidos pelos traços foliares que utilizam os nutrientes.

36. Estruture suas figuras, para que o leitor obtenha a visão geral. Quando você apresenta muitas figuras isoladas, é difícil ver a conexão e compará-las. Isso ajuda se você colocar várias figuras (isto é, painéis) juntas em uma figura global. Isso requer menos espaço (o que torna a revista feliz) e permite ao leitor obter uma visão geral. Encomende aqueles painéis de forma lógica, conceitual e hierárquica. Por exemplo, se você tem 9 painéis (3 traços na raiz, 3 características do caule, 3 características da folha relacionadas à morfologia, fisiologia e crescimento), você pode apresentá-los em uma matriz 3×3. Coloque os painéis de traço da raiz na linha superior, o traço dos ramos em painéis na linha do meio e os painéis de traços da folha na linha inferior [ou ao contrário pra aproveitar o formato normal das plantas com raízes embaixo]. Da mesma forma, você pode colocar o radiografias fisiológicas, caules e traços foliares na primeira coluna, os caracteres morfológicos no segunda coluna, e as características de crescimento na terceira coluna.

DISCUSSÃO

37. Inicie a discussão com uma recaptura de perguntas e principais resultados. Após 1,5 hora de leitura extenuante o leitor chega com uma cabeça vermelha e suada na discussão.
Infelizmente ele esqueceu o que você queria saber e quais eram os principais resultados. Coloque o leitor na mesma página, começando com uma recaptura de 3-4 linhas; o que era sua pergunta principal, e quais foram seus 2-3 principais resultados? Esta é a sua história em poucas palavras, e ao mesmo tempo, a sua mensagem para [fixar e] levar para casa. Espero que seja também uma excitante mensagem para levar para casa, que o leitor esteja ansioso para mergulhar na discussão.

38. Continue o primeiro parágrafo com um guia de leitura. Continue com um guia de leitura (especialmente para uma tese, isso pode ser mais breve para um artigo) de quais pontos principais você abordará na discussão. Então o leitor recebe a visão geral, entende o enredo e sabe o que esperar.

39. Estruture sua discussão com base em suas perguntas de pesquisa. Divida a discussão em seções. Senão, será um longo texto sem fim, sem espaço vazio e espaço para respirar, o que faz com que o leitor se desespere e perca a visão geral. Use para cada seção um cabeçalho que seja semelhante à sua pergunta. Então fica claro para o leitor que você vai dar uma resposta para a pergunta e onde. Não fraseie o cabeçalho de uma maneira totalmente diferente, senão o leitor não reconhecerá a pergunta.

40. Comece cada parágrafo com sua hipótese. Quando você inicia cada parágrafo com a hipótese, torna-se claro para o leitor o que a pesquisa pode esperar e por quê. Dá portanto, estrutura para a discussão. Você mencionou a hipótese já na introdução, mas é bom repetir aqui, já que o leitor já terá esquecido. Por exemplo: “Eu hipotetizei que um aumento na luz levaria a um aumento no ganho de carbono fotossintético e no crescimento das árvores”.

41. Como estruturar a discussão do seu parágrafo? Depois de ter apresentado a sua hipótese, continue dizendo se o seu resultado concordou / discordou de sua hipótese (isto é, se a hipótese é aceita ou rejeitada). Por exemplo: “Eu realmente descobri que um aumento na abertura do dossel aumentou o crescimento do diâmetro da árvore”, ou “Em contraste, eu não encontrei pela abertura do dossel um aumento do crescimento do diâmetro das árvores”. Em seguida, coloque seus resultados em uma perspectiva mais ampla, dizendo o que outros autores encontraram. Por exemplo: “Da mesma forma, a disponibilidade de luz aumentou o crescimento individual florestas tropicais na Malásia e na Bolívia (REFS), mas diminuiu o crescimento do estande em uma floresta na Finlândia (REF)”. Em seguida, explique as possíveis razões para discrepâncias entre seus resultados e a literatura. Por exemplo: “Possivelmente no meu estudo não houve efeito da disponibilidade de luz na árvore em crescimento, porque eu medi a disponibilidade de luz na estação seca, ao invés de na estação chuvosa quando a maioria das atividades de crescimento ocorrem”.

42.Cite as figuras e tabelas relevantes na discussão para confirmar suas conclusões. Quando você faz na discussão uma declaração baseada nos seus resultados, depois cite a tabela correspondente ou figura. Isso não é comumente feito, mas permite que o leitor verifique com base em qual evidência você tirou essas conclusões. Se você não fizer isso, o leitor deve pesquisar os resultados novamente, o que é irritante.

43. Discuta os pontos fortes e as limitações de seus resultados e forneça sugestões para pesquisa (T). Como uma das últimas seções de sua tese, explique quais são os pontos fortes e limitações de sua pesquisa. Sua força é uma nova ideia? O grande conjunto de dados permite tirar conclusões firmes? O teste experimental permite realmente testar o mecanismo?
O grande número de variáveis ​​que você mediu fornecem uma compreensão mais completa? Quais são suas limitações? Você mediu de uma maneira imprecisa? Você não incluiu as mais relevantes variáveis? Até agora você é um especialista, então você pode compartilhar suas lições aprendidas e dar sugestões para a próxima geração de estudantes. Com base nos seus resultados, quais são as novas perguntas que devemos abordar? Ou com base nas limitações de sua pesquisa, como você pode fazer um teste mais forte ou novo desenho experimental? Quando você escreve um artigo infelizmente é melhor não incluir esta seção (e, portanto, não avançar na ciência), já que o editor não quer saber as limitações, e os revisores estarão felizes em rejeitar diretamente o artigo com as limitações que você se identificou.

44. Quais são as implicações para a gestão (T) [, para o mundo]? Um dos impulsos para fazer pesquisa é melhorar a nossa compreensão dos processos ecológicos, para que possamos gerir melhor sistemas (naturais), e tornar este um mundo melhor (amor, paz, natureza, pessoas e felicidade). Baseado em seus resultados, que recomendações práticas de gerenciamento você pode fazer para aumentar produtividade / qualidade / sustentabilidade / conservação da biodiversidade / seu tópico favorito?

45. Conclusões: encerrar a discussão com conclusões claras que respondam as questões de sua pesquisa. Não há nada pior do que ter passado duas horas lendo um manuscrito, sem sabendo o que você aprendeu. Apresentando suas conclusões no final do manuscrito você faz uma história redonda, em que o leitor sabe exatamente o que ele aprendeu com esse manuscrito. Evita que o leitor tenha que procurar na discussão que conclusão possível pode ser; a maioria dos leitores prefere ser mais preguiçosa do que se cansar!

46. ​​Que mensagem levar para casa e qual perspectiva mais ampla. A seção de conclusão deve ser curta e nítida (5 linhas no máximo), para que fique com o leitor. O leitor quer ser tocado, movido e inspirado. Então, dê em frases curtas as 2-3 conclusões mais importantes e lições apreendidas. Finalize colocando seus resultados em uma perspectiva mais ampla: o que isso significa para ecologia, gestão, ciência e vida em geral? Tente ser o mais amplo possível para torná-lo também interessante e relevante para alguém que trabalha em outro sistema ou outra área. Sucesso!

RESUMO E TÍTULO

47. Tempo gasto no seu resumo! Você escreve o resumo por último (porque só então você terá a visão geral), mas para o leitor é o primeiro ponto de contato, muitas vezes a única parte que ele lê, eu para decidir se continuará a ler o resto do artigo e se vai citá-lo. Para uma tese ou relatório, o resumo é possivelmente a única coisa de sua tese que os avaliadores lerão. Embora por agora você provavelmente ficou sem energia e quer se livrar dela o mais rápido possível, você deveria gastar pelo menos meio dia em seu resumo. Peça aos colegas dentro e fora de seu campo de estudo ou para um leigo para ler e comentar sobre seu resumo, para que você saiba se é suficientemente claro e atraente para um público geral.

48. Resumo: quanto menor, melhor. O resumo é a parte mais difícil de escrever, você tem que explicar, resumir e vender seu estudo em poucas palavras. Quanto mais curto for (150-200 palavras), mais provável é que o leitor consiga se lembrar dos pontos principais. Para os estudantes de tese, o resumo pode ser mais longo (até 400 palavras), pois é mais importante que você passe sua mensagem completa. [Um professor em meu mestrado (D’Agostini) sempre contava uma anedota dizendo que: pense que você está num ônibus e então vê um amigo que não via há anos, e ele te pergunta o que é a sua pesquisa, e tens que responder em uma frase, pois ele vai descer na próxima parada. Esse é o exercício do resumo que tem que ser claro para um leigo e ao mesmo tempo objetivo e completo.]

49. Resumo: vender seu estudo em poucas palavras. Certifique-se de colocar em seu resumo a justificativa (por que isso é importante? por exemplo: “a mudança climática afeta a produtividade florestal e a absorção de carbono, afetando assim o ciclo climático global”), as questões de pesquisa (o que você quer saber? por exemplo: “qual é o efeito de um aumento previsto na frequência e severidade da seca em produtividade florestal”), os métodos (como você fez isso, para que o leitor possa ver quais dados coletadas para provar seu ponto de vista, por exemplo: “Eu modelei com o modelo de floresta baseado em processos MIF (Modeling Is Fun) o efeito do regime de precipitação previsto na produtividade de misturas de floresta temperada na Holanda”), os principais resultados (torná-lo um pouco quantitativo para que o leitor fique com um sentimento sobre o que você está falando e como é importante, por exemplo: “Resultados de modelagem indicam que padrões de precipitação alterados podem reduzir a produtividade 20% [de 6 a 4,8 m3 / ha / ano] no ano 2100.”), as conclusões (em que você responde a pergunta, por exemplo: “A mudança climática prevista tem um grande impacto na produtividade florestal”), e a síntese (em que você a coloca em um ambiente ecológico, de gestão, científico ou social na perspectiva mais ampla, por exemplo: “A mudança climática pode levar a uma forte redução na produtividade florestal, e portanto, reduzir a absorção de carbono pela vegetação da atmosfera. Isso indica um limite potencial das florestas para mitigar a mudança climática. A produtividade reduzida pode ter ao mesmo tempo grandes efeitos em cascata em outros níveis tróficos, e grandes consequências para a manutenção produção de madeira.”).

50. Faça um título atraente que prenda seus leitores em potencial. Depois de ter o resumo você pode fazer o título. Este é o primeiro ponto de contato real para o leitor, baseado em qual(is) ele decide se deve ler o artigo. Torne o título o mais geral possível, para que você atraia um grande número de leitores. Torne o título também curto e rápido, de modo que seja mais fácil terminar a leitura e lembrar. Portanto, não diga “O efeito das mudanças previstas na quantidade e na variação de padrões de precipitação na área basal do estande e produção de volume de madeira de um carvalho misto de floresta de faia em solos arenosos em Lutjebroek, Holanda”. Isso contém todas as informações, mas você perderá seus leitores. Concentre-se nos aspectos-chave (mudança climática, produtividade florestal, declínio na produtividade). Quer formular o título como uma questão (que atrai a curiosidade de o leitor, por exemplo: “Como a mudança climática afeta a produtividade de uma floresta temperada?”) ou como fixar a mensagem (por exemplo: “Aumento das secas reduzirá a produtividade de uma floresta de clima temperado”). Se você quiser inspiração, verifique os títulos dos artigos que você citou. Se você quiser verificar se o seu título é relevante, escreva o título pretendido no google scholar e veja que tipo de estudos e títulos que você terá.

ESTILO DE ESCRITA

51. Disserte o mais amplamente possível para interessar a um público amplo. Quando você quiser atrair o interesse de um público mais amplo, tente escrever o mais amplo e geral possível, de modo que você se conecta ao mundo deles, aos interesses e aos conceitos que eles usam. Depois disso, você pode aumentar o zoom para seu sistema específico e esclarecer que é um maravilhoso exemplo desse princípio geral. Consequentemente, não escreva: “Sempre gostei de saber como as lianas competem com as árvores”. Em vez disso, escreva:
“A competição por recursos compartilhados é um dos principais processos que estruturam comunidades de plantas e animais e mantém a diversidade de espécies. Em comunidades de plantas com dossel fechado, como florestas, a competição é principalmente pela luz”.

52. Use linguagem de escrita, não linguagem coloquial! Este é um relatório científico, então não escreva “Alguém pode se perguntar se o Forest Stewardship Council (Conselho de Manejo Florestal) é de fato tão bom quanto eles afirmam”, mas: “A questão é se a certificação FSC realmente leva a um impacto reduzido da biodiversidade na exploração madeireira?”.

53. Uma sentença sempre consiste de 1 a 3 linhas e um parágrafo de 3 a 5 sentenças. Quando você faz frases muitos curtas, torna-se uma série de declarações e a coerência desaparece da sua história. Você pode facilmente conectar frases usando palavras de conexão como “porque”, “portanto”, “mas”, “além disso”, “adicionalmente” etc. Se a sentença se tornar muito longa, o leitor perde a visão geral, e o pobre leitor que a lê em voz alta tem que ficar sem fôlego.
Nunca discuta mais do que 1-2 tópicos na mesma frase. Senão, torna-se muito complexo para o leitor seguir o que você está falando. A solução é muito simples; use mais frases.

55. Use consistentemente a mesma terminologia. Use sempre o mesmo termo e não use o tempo todo um sinônimo diferente. Por exemplo, ao discutir o crescimento de plantas, você não deve usar um tempo “crescimento”, em em outro tempo “incremento” e a próxima vez “produção”. Nesse caso o leitor não sabe se cada vez você se refere ao mesmo conceito ou se significa algo diferente.

56. Defina todos os termos técnicos quando usá-los pela primeira vez. Conceitos ecológicos como “concorrência”, “estresse” e “biodiversidade” são necessariamente amplos e gerais, mas também contestados, como muitas pessoas entendem esses conceitos de forma diferente. Para evitar confusão e criar clareza, você deve definir imediatamente o que você quer dizer com cada conceito.

57. Defina todas as abreviaturas quando as usar pela primeira vez. A pesquisa científica é repleto de jargões e abreviações, que só são claras para os iniciados. Se você quiser usar abreviações, escreva a primeira vez que você usa a expressão completa com a abreviação em colchetes. Nesse caso, você pode usar a abreviação na próxima vez. Use, no entanto, a expressão completa nas questões de pesquisa e legendas de figuras e tabelas. Muitas vezes o leitor se concentra em perguntas e números, e pula o resto. Nesse caso, deve ser nítido e claro o que você está falando.

58. Use abreviações o mínimo possível. Abreviações são úteis quando você usa expressões que são frequentemente usadas no texto. Quando a expressão longa ocorre esporadicamente, é melhor para escrevê-las na íntegra, senão o leitor pode ter esquecido que, por exemplo, PMDCMA significa (Países Menos Desenvolvidos Com Muitas Árvores).

59. Evite o uso de “isto”, o “anterior” e o “último” e, ao invés disso, use novamente o conceito que você está se referindo. Seja explícito ao que você se refere, caso contrário, não fica claro para o leitor Do que você está falando. Quando você usa palavras como “isto”, “aquilo”, “o primeiro”, “o último”, “o anterior” ou “este último” o leitor deve verificar a sentença anterior (o que interrompe a leitura), e adivinhar o que você está se referindo. Por exemplo, na frase: “Um aumento da população mundial leva a uma maior pressão sobre os recursos naturais, e isso requer ações para prevenir a superexploração”. “Isso” se refere à crescente população mundial ou à a maior pressão sobre os recursos naturais? Em vez disso, é melhor escrever “Um aumento da população mundial leva a uma maior pressão sobre os recursos naturais, e essa pressão adicional requer ação adequada para evitar a superexploração”.

60.Escreva de maneira simétrica. Você tem que escrever ciência e não prosa! Sua história precisa portanto, ser o mais clara possível. Portanto, não escreva: “Existem várias razões pelas quais as plantas crescem mais rápido nas lacunas; primeiro porque há mais luz, também porque a disponibilidade de água pode ser maior e, finalmente, devido à maior disponibilidade de nutrientes”. Escreva: “Existem três razões por que as plantas crescem mais rápido nas lacunas; em primeiro lugar porque há mais luz, em segundo lugar porque a disponibilidade de água pode ser maior e, em terceiro lugar, devido à maior disponibilidade de nutrientes”. Use a mesma frase simétrica na primeira e segunda parte da frase, para que o contraste se torne mais claro. Portanto, não escreva: “Existe uma troca entre uma alta taxa de crescimento em alta luz contra uma baixa taxa de mortalidade na sombra.” Nesse caso, a diferença entre luz alta e a sombra não é clara, e a troca entre alta sobrevida e baixa mortalidade não é clara. Escreva em vez disso: “Há uma troca entre uma alta taxa de crescimento em alta luz, versus uma alta taxa com pouca luz”.

COMO CITAR?

61. Cite apenas o autor no texto principal, se for necessário. Mencione apenas o autor no texto principal se ele descobriu algo muito importante, ou declarou algo controverso. Por exemplo: “Em geral, pensa-se que as espécies vegetais são melhores concorrentes quando capturam a maior parte dos recursos, embora Tilman (1988) afirme que os melhores espécies são aquelas que podem esgotar mais os recursos”. Mencione o autor como uma citação em parênteses quando ele fez um estudo regular ou fez uma observação regular, a maior ênfase vai para o autor e não para a declaração que você quer fazer. Portanto, não escreva: “De acordo com um estudo de Poorter (1999), um aumento na disponibilidade de recursos leva a um aumento no crescimento das plantas.” Escreva: “Com um aumento na disponibilidade de recursos, as plantas tenderão a um crescimento mais rápido (Poorter, 1999).”

62. Cite não mais que dois autores por declaração. Muitas revistas científicas têm espaço limitado, e elas não gostam quando você cita uma quantidade infinita de autores para apoiar uma declaração comum. Isso distrai seu enredo, leva a uma longa lista de literatura desnecessária e dá a impressão de que você quer mostrar que leu muito. Ceifar referências é também a maneira mais fácil de reduzir o limite de palavras do seu manuscrito, sem sacrificando o conteúdo do seu artigo. Portanto, não escreva: “Características funcionais são importantes para desempenho das plantas (ver Grime 1979, Tilman 1988, Chapin 1993, Cornelissen et al 2003, Pietje 2018)”. Escreva: “As características funcionais são importantes para o desempenho da planta (por exemplo, Grime 1979)”.

63. Coloque a citação no final da frase e antes do ponto, pois isso permite ao leitor saber a que frase a citação pertence. Portanto, não escreva: “Het einde der wereld is nabij en dat maakt ons zo blij. (Anonymous 2018)”. Escreva: “Het einde der wereld is nabij en dat maakt ons zo blij (Ananymous 2010). ”

64. Seja consistente em seu estilo de citação. Use um formato de citação e use isso de forma consistente ao longo do manuscrito. Para um artigo, você tem que usar, claro, o formato de citação do periódico para o qual você deseja enviar seu texto. Para uma tese você pode selecionar o seu formato de citação favorito [ou seguir as normas exigidas em sua biblioteca ou curso]. Quando você muda a forma de citar cada vez, o formato de citação distrai o atenção e dá uma impressão confusa. Por isso, não cite a primeira vez como “(Jansen e Klaassen 2010)” e da próxima vez como“ (Jansen & Klaassen, 2010)”. Quando você tem várias citações e você decide organizá-las em ordem cronológica, seja consistente e não ordene-as da próxima vez em ordem alfabética. Da mesma forma, quando você escreve a primeira vez “et al“. usando uma fonte em itálico, não escreva na próxima vez como “et al.” usando uma fonte regular.

[Para organizar suas citações e referências bibliográficas, recomendo conhecer o Zotero, que funciona tanto integrado ao seu navegador – Chrome – quanto ao seu programa editor de textos, como o Zotero para Libre Office e outros.]

COMO MELHORAR O SEU MANUSCRITO EM UM TEMPO CURTO?

65. Verifique esta lista de verificação e certifique-se de ter aplicado todos os pontos relevantes

66. Aplique um corretor ortográfico antes de entregar seu manuscrito! O Word [e o Libre Office também] incluiu a verificação ortográfica [e o Libre Office também tem a revisão gramatical] de graça! Nada mais irritante para um supervisor do que tentar entender um manuscrito preenchido com erros de ortografia.

67. Sempre leia o seu manuscrito em voz alta: esta é a maneira mais fácil de perceber os erros em seu estilo de escrita. Você tem que respirar? Então as frases são claramente muito longas. Você tem que parar com muita frequência e nos momentos errados? Então os sinais de pontuação (vírgula, ponto, ponto de interrogação) foram inseridos no lugar errado, ou simplesmente não estão lá!

68. Sempre peça a um amigo, colega de estudo ou parceiro para comentar antes de entregar seu manuscrito. Seus amigos, companheiros de estudo e colegas estão entre o público-alvo de seu manuscrito. Se eles não entendem o seu manuscrito, então eles são muito estúpidos (o que não é tão provável), ou o manuscrito é mal escrito (o que é bastante provável). Quando você ajusta sua tese com seus comentários, então seu supervisor pode se concentrar no conteúdo, em vez do que tentar entender o que você escreveu.

69. Junte-se ao círculo de tese (T)! Veja o ponto 68. Esta é uma maneira livre e segura de obter bons comentários!


[Priorize o uso de softwares livres e de código aberto, open source, creative commons em vez de usar os softwares proprietários. Deixe o conhecimento aberto, livre sem copyright e sim público. Toda a humanidade deveria ter livre acesso ao conhecimento! Imprima só quando inevitável, priorizando o uso de arquivos virtuais, e neste caso sempre em frente e verso e usando papel reciclado sem tratamento com alvejantes]


Referências e Links Relacionados

  1. Normas da ABNT para Monografias. https://www.normaseregras.com/normas-abnt/ .
  2. Normalização de trabalhos acadêmicos. http://portal.bu.ufsc.br/normalizacao/.
  3. Libre Office. https://pt-br.libreoffice.org/. (Melhor programa para edição de textos)
  4. Zotero. https://www.zotero.org/. (Melhor sistema para referenciação bibliográfica, associado a navegadores e programas de edição de texto, como o Libre Office). O que é o Zotero? – https://pt.wikipedia.org/wiki/Zotero. Instale também no Navegador e no programa de edição de textos. Tutorial de uso e instalação – http://www.ufjf.br/getproducao/files/2014/04/Tutorial-Zotero-UFJF.pdf.

Outros Links de Interesse

  1. Os seis conselhos de George Orwell para escrever melhor. https://brasil.elpais.com/brasil/2017/03/01/cultura/1488369509_805958.html
  2. Método Científico : uma abordagem ontológica / Ivo Tonet. – 2. ed. – Maceió : Coletivo Veredas, 2016. – https://drive.google.com/file/d/0B0T0MiduVLIWRldsUzFMR2dhVWM/view.
  3. Curso em vídeo sobre Divulgação Científica, com Átila Iamarino  – https://www.youtube.com/playlist?list=PLl622ADkTdTNUnKnWwtdRSLtADXc4LKhw. (fenomenal, Recomendo! Assistam todos e em ordem, pois é um curso).
  4. Vídeo de como contar histórias em seu artigo científico ou vídeo: https://youtu.be/0JBcGWXov_Y.
  5.  

 

 

Abaixo a democracia!

Viva a Comuna!

(texto de Sérgio Lessa repassado por Ivo Tonet)

Introdução

Há uma alternativa à democracia que não seja a ditadura? É possível outra forma de organização da sociedade que não seja nem ditadura nem democracia?
Há, sim! Existe sim uma outra organização social que não é nem a democracia nem a ditadura. É a Comuna.

O falso dilema democracia ou ditadura (que pode ser sinônimo de fascismo ou não).
Ditadura ou democracia, atualmente quem sempre domina é a burguesia, são os capitalistas. Ditadura ou democracia, os trabalhadores sempre produzem a riqueza de seus patrões.
Além disso, muitas décadas de democracia demonstram, a todos os que querem ver, que os governos burgueses “não funcionam”. Os ricos ficam cada vez mais ricos, os pobres e as misérias aumentam; a violência não para de crescer; a educação, a saúde, o transporte pioram no mesmo ritmo acelerado em que aumentam os lucros dos capitalistas. As guerras e a destruição do planeta são o resultado necessário de uma sociedade que se organiza ao redor do lucro. A reprodução do capital é a reprodução da miséria e a destruição do planeta.
A democracia, definitivamente, “não funciona”. Tal como a ditadura, também é o império do dinheiro sobre os humanos. Serve apenas para concentrar a riqueza na mão dos capitalistas.
Justificam a democracia dizendo que ela é, dos males, o menor. O pior dos mundos seria uma ditadura. Quando já não é possível justificar a democracia pelas suas virtudes, busca-se justificar a democracia argumentando ser a menos maléfica de duas alternativas ruins!! A que ponto chegou a decadência da burguesia e de sua ideologia!!
Restringir o nosso horizonte à falsa opção ditadura-democracia é uma das ilusões difundidas pela ideologia conservadora. Pois há uma alternativa para além da democracia e da ditadura burguesas: a Comuna.

A Comuna

A Comuna é a forma de os trabalhadores (operários e demais assalariados) exercerem o poder sobre a produção e sobre a organização de serviços necessários à vida.
Isto é a primeira característica importante da Comuna: é um poder dos trabalhadores, e não um poder da burguesia.
A segunda característica importante: não é apenas uma forma de organização política, mas é principalmente uma forma de organização da produção e da distribuição dos frutos do trabalho. Com a Comuna, todos trabalham, quem não trabalha não come. Na Comuna, todos que trabalham decidem – quem não trabalha não participa das decisões.
A terceira característica importante: a Comuna é a forma de organização dos trabalhadores capaz de derrotar os esforços da burguesia para voltar ao poder e restaurar a exploração dos trabalhadores.

Os princípios da Comuna

A Comuna funciona com base na autonomia e na liberdade da organização nos locais de moradia e de trabalho. Os princípios mais gerais são os seguintes:
1) Os trabalhadores se organizam em seus locais de trabalho e de moradia. Decidem, assim organizados, o que é prioritário para suas vidas. Nos locais em que trabalham, decidem como será organizada a produção, como será ordenada a jornada de trabalho, como será ordenado o controle do trabalho de cada indivíduo, como serão obtidos os equipamentos e matérias-primas necessários à produção e como o produzido será distribuído. Nos locais de moradia, decidem o que é prioritário e organizam os serviços públicos (educação, saúde, transporte, lazer, moradia etc.)
2) A Comuna funciona do modo mais democrático possível: cada um vale um voto e a maioria toma as decisões. Nela, todos trabalham. Quem não trabalha não participa das decisões.
3) As decisões que envolvem apenas recursos ou pessoas da Comuna local, decisões que não têm consequências para além da comunidade local, são encaminhadas com total autonomia pela própria comunidade.
4) Decisões cuja implementação requer recursos, materiais, pessoas de outras localidades – ou que podem afetar a vida de mais pessoas do que a comunidade local – são levadas para as Assembleias Comunais (desde as do bairro, da cidade, do Estado, do país e mesmo de todo o planeta). Lá, todos os envolvidos podem discutir o que lhes diz respeito. Tomada uma decisão, determinam-se também os recursos, as pessoas, os materiais etc. que serão destinados a implementar o que foi decidido. Por fim, avaliam-se também os resultados práticos da decisão coletiva.
5) Para as Assembleias Comunais são eleitos representantes das Comunas. Estes representantes recebem o mesmo salário que já recebem na Comuna; seu mandato dura bem pouco tempo, coisa de meses, e a Comuna que os elegeu pode revogar seus mandatos e os substituir por outros representantes, sempre que necessário.
Este é um aspecto fundamental: o representante eleito tem o mesmo salário que já recebia na Comuna, deve prestar contas continuamente à Comuna que o elegeu e esta o pode substituí-lo sempre que queira. E o mandato é curto, medido em meses ou semanas.
6) Tanto a Comuna quanto as Assembleias Comunais levam à prática as decisões que tomarem: nada da separação entre o Judiciário, o Legislativo e o Executivo, como ocorre na democracia e da ditadura burguesas.
A Comuna é a alternativa à ditadura e à democracia burguesas. A Comuna é o poder dos trabalhadores e proletários sobre a vida social, é a forma de os trabalhadores e proletários organizarem o poder para se libertar da opressão.

As primeiras medidas

Sempre que os trabalhadores tomaram o poder foi por uma revolução, e sempre a burguesia e seus aliados sabotaram a produção e o abastecimento e atacaram com todas as forças militares a Comuna.
Isto vai ocorrer também no futuro.
Por isso, a luta contra a burguesia e seus aliados apenas pode ser vitoriosa se as medidas para combater a contrarrevolução forem também as medidas que fortaleçam o controle da produção e da vida social pelo proletariado e seus aliados.
Devido a esta situação, as primeiras providências da Comuna deverão se darem dois campos: no campo da produção e no campo da resistência à contrarrevolução.
No campo da produção, as providências mais urgentes possivelmente serão as seguintes:
1) Cada Comuna deve assumir o controle de todas as unidades produtivas (indústrias, comércio, serviços como educação, saúde, transporte, segurança, coleta de lixo, energia etc.) no seu interior. Em cada unidade produtiva, duas medidas devem ser implementadas o mais rapidamente possível: colocar a trabalhar nas unidades produtivas todos os desempregados, ou que, na Comuna, podem ser rapidamente instruídos para lá trabalharem.
Cada Comuna deve tomar posse e manter sob seu controle todas as reservas de matérias-primas, ferramentas, fontes de energia (postos de gasolina, linhas de transmissão elétricas etc.), alimentos, roupas, remédios etc. Os burgueses e seus aliados, antes proprietários destes bens, serão expropriados sem direto a qualquer compensação. Se quiserem comer e participar dos frutos do trabalho coletivo, deverão trabalhar como todo o mundo.
Graças à própria organização desenvolvida já pela economia burguesa, no primeiro momento se terá uma boa ideia do quanto cada unidade produtiva deverá inicialmente produzir (cada fábrica, cada escola, cada centro de saúde ou hospital, cada supermercado etc.). E, como mais pessoas trabalharão para produzir o mesmo, a jornada de trabalho poderá ser imediatamente reduzida. O importante é reduzir a jornada de trabalho de todos o mais rapidamente que for possível.
O critério para esta redução ficará a cargo da Comuna e de cada unidade produtiva. Por exemplo, uma dada Comuna pode avaliar que é mais importante alongar a licença maternidade e paternidade e, para isso, diminua menos a jornada dos solteiros ou dos pais com crianças maiores etc. A regra geral deverá ser: elevada autonomia da Comuna e dos locais de trabalho e, ainda, a imediata e maior redução possível da jornada de trabalho.
2) Providenciar moradia e alimentação para todos os membros da Comuna. Nenhum dia a mais com pessoas passando fome ou necessidades! As casas e apartamentos desocupados devem ser imediatamente ocupados por aqueles sem teto. E as condições de moradia deverão ser imediatamente melhoradas com a organização de medidas de higiene e limpeza.
3) A Comuna organizará a distribuição de bens de primeira necessidade. O critério deverá ser a contribuição do indivíduo à produção coletiva: retribuição igual para igual trabalho deverá ser o primeiro critério a ser adotado. Contudo, como veremos, apenas o primeiro e provisório critério.
4) Cada Comuna será responsável pela educação de seus membros. Decidirá como e quando ocorrerá a educação, o que será ensinado, como as crianças serão educadas. Os alunos, professores e toda a Comuna decidirão livremente como será a educação. A mesma coisa para os serviços de saúde, coleta de lixo, limpeza das ruas, manutenção das áreas comuns como parques e bosques etc.
Dizíamos acima que as primeiras providências da Comuna deverão estar voltadas a dois campos. O primeiro, que já vimos, é a organização pelo proletariado e seus aliados da produção e da organização dos serviços. O segundo, que veremos agora, é a resistência contra as tentativas burguesas de destruir a Comuna.

A defesa da Comuna

Toda Comuna deve implementar a regra geral de “quem não trabalha não come, quem não participa do trabalho coletivo também não participa dos frutos do trabalho coletivo”. Os burgueses farão de tudo para retomar seu privilégio de viver do trabalho dos outros. Sabotarão a produção, destruirão as reservas de alimentos e produtos de bem de primeira necessidade e empregarão a força para destruir quem se lhes opõe.
Por isso a Comuna deve, desde o primeiro momento:
5) Realizar a mais ampla campanha de ideias para mostrar aos trabalhadores que a Comuna é possível e necessária. Depois de tantos séculos vivendo explorados, mesmo muitos trabalhadores não acreditarão na possibilidade de se libertar da opressão dos patrões através da Comuna. Outros serão comprados pelo ouro da contrarrevolução. E, ainda, haverá os burgueses que lutarão até a morte contra o poder do proletariado e seus aliados. Para ganhar o apoio daqueles que ainda acreditam na democracia burguesa deverão ser feitos todos os esforços possíveis.
Ganha-se a batalha das ideias com a prática da Comuna e com as ideias revolucionárias e libertadoras.
Contudo, contra os ataques armados da burguesia e seus aliados, a única alternativa é também uma resposta armada por parte da Comuna.
Se a burguesia emprega em seus exércitos trabalhadores para defender o seu poder de explorar esses mesmos trabalhadores, a Comuna coloca em campo os trabalhadores em armas, as milícias. Esta é a grande vantagem histórica da Comuna, quando se trata do campo de batalha. Os trabalhadores não possuem qualquer interesse de classe em defender o poder da burguesia e possuem todo interesse histórico em defender a Comuna. Os exércitos revolucionários, por isso têm sido, ao longo da história, muito mais eficientes no combate do que os exércitos burgueses.
As milícias deverão se conduzir militarmente, tendo a clareza de que guerra contra a contrarrevolução é ganha pela destruição do exército burguês — tanto pela vitória das armas, como também pela vitória no campo das ideias. Em todo o confronto, devem-se explorar todas as possibilidades para mostrar aos soldados e trabalhadores que ainda apoiam a burguesia que a Comuna é possível e necessária, pois é a libertação de todos os trabalhadores da opressão do capital.
Para cumprir este objetivo, a Comuna deverá tomar posse das armas ao seu alcance e as distribuí-las à população da forma que for localmente mais eficaz para combater a burguesia e seus aliados. Tomar posse de quartéis, delegacias, lojas de armas, de unidades policiais é uma tarefa a ser cumprida tão logo quanto possível. Deve promover o treino militar indispensável à autodefesa da Comuna. E, apenas em última instância, deve prender e levar a julgamento público os partidários da burguesia e da opressão dos trabalhadores. Mas não deve vacilar contra aqueles que pegarem em armas contra a Comuna.
Esta questão é tão decisiva que merece uma consideração mais detalhada. Trata-se do papel da violência na história.

O papel da violência na história

A violência apresentou-se na história da humanidade em duas situações. A primeira delas ocorreu na sociedade mais primitiva, ordenada pelo trabalho de coleta, quando a carência mais absoluta fazia com que a força física muitas vezes decidisse a quem caberiam os parcos recursos disponíveis. A violência, então, estava a serviço direto da sobrevivência biológica das pessoas.
A segunda situação em que comparece a violência é a sociedade de classes. Nas sociedades de classe os exploradores obrigam, pela violência, os trabalhadores a produzir a riqueza das classes dominantes. E, para exercer esta violência, criaram o Estado. O Estado é o instrumento de aplicação cotidiana da violência sobre os trabalhadores para que continuem a produzir a riqueza que os oprime, a riqueza das classes dominantes.
Na sociedade de classes, a violência não está a serviço da sobrevivência biológica, como nas sociedades primitivas, mas a serviço do enriquecimento das classes dominantes; está voltada primordialmente contra aqueles trabalhadores e revolucionários que se rebelam contra a opressão.
Na sociedade burguesa, esta função do Estado de repressor dos trabalhadores pela violência foi aperfeiçoada ao máximo. A polícia e o exército, o Direito e a burocracia foram aprimorados para serem cada vez mais eficientes na manutenção da exploração dos proletários e trabalhadores.
Por isso, o Estado burguês deve ser rapidamente destruído e substituído pela Comuna.
Com a Comuna, a violência não mais servirá para oprimir os trabalhadores, pois serão os trabalhadores e o proletariado que formarão a milícia armada de cada Comuna. Por isso, a violência terá apenas uma única função: derrotar a contrarrevolução pelas armas e pela reorganização da produção segundo o princípio de que todos devem trabalhar.
Uma vez derrotada a contrarrevolução, com o desaparecimento da burguesia e seus aliados (quer pela derrota militar, quer pelo convencimento ideológico, quer pela transformação de todos em trabalhadores), a milícia também desaparecerá, por não mais ter utilidade. A produção de armamentos deixará de ocorrer, pois não haverá mais guerras nem os conflitos sociais serão resolvidos pelo recurso às armas. Com isto, mais trabalhadores poderão ser deslocados para a produção dos bens de primeira necessidade, e a jornada de trabalho diminuirá ainda mais.
A Comuna será, assim, a última vez na história da humanidade em que a violência aparecerá para resolver um conflito entre os seres humanos. Esta violência é ainda expressão da barbárie da sociedade de classes e é inevitável porque os contrarrevolucionários apelarão às armas contra a Comuna. Mas, superada a sociedade de classes, a violência e, com ela, tanto a milícia da Comuna quanto a produção de armamentos desaparecerão tal como desapareceu, no passado, o machado de bronze.
Este é o papel da violência na história, e esta é a função social da violência na Comuna.
Portanto, as tarefas imediatas e gerais da Comuna possivelmente serão: colocar a vida cotidiana, acima de tudo a produção e a distribuição dos bens, sob o controle imediato da população trabalhadora. Destruir, com isso, o Estado da burguesia, com seu aparato repressivo e destruir a burguesia e seus aliados pelo emprego da força militar, sempre que for imprescindível. Empregar, consciente e eficientemente, a violência apenas para destruir o velho Estado e as velhas classes dominantes. Nas mãos da Comuna, a violência tem uma função específica: defender os proletários e seus aliados da volta da exploração dos trabalhadores pela burguesia.

II Os limites da Comuna

Muitas décadas de história nos ensinaram que a democracia nada mais é que o poder da burguesia sobre a sociedade e, em especial, sobre os trabalhadores; que a democracia é uma ordem social que apenas pode existir pela aplicação da violência sobre a maioria da sociedade.
A Comuna, ao invés, é o poder dos trabalhadores sobre a burguesia e seus aliados. Um poder da maioria sobre a minoria, com a finalidade de superar definitivamente a exploração do homem pelo homem.
Que a Comuna seja uma liberdade muito superior às liberdades democráticas burguesas é uma evidência. Os proletários e seus aliados são a maioria da sociedade. A Comuna exerce o poder, não “em nome” dos trabalhadores, mas pelos próprios trabalhadores. A Comuna consiste nos operários e seus aliados organizados em força política.
Este é o principal mérito histórico da Comuna e também seu principal limite. A Comuna ainda é uma força política, ainda exerce o poder – mesmo o poder violento – sobre a burguesia e seus aliados. Por isso é uma forma ainda limitada de liberdade. E, por ser uma forma limitada de liberdade, deve ser superada por uma forma superior e muito mais ampla de liberdade: o comunismo.
Isto é tão importante, que merece um tratamento mais cuidadoso. A política é, ao lado do papel da violência na história, também uma questão decisiva.

A política

A política é uma relação social que apenas existe nas sociedades de classes. A política tem sempre por conteúdo o poder do Estado: como conquistá-lo e como exercê-lo.
A Comuna também é um poder político. Ao invés de ser o poder da burguesia sobre os trabalhadores, é o poder dos trabalhadores sobre a burguesia. Por ser o poder político da maioria sobre a minoria, é um enorme avanço sobre a democracia burguesa, que não passa do poder político da burguesia sobre a maioria da sociedade, os trabalhadores
Contudo, por ser um poder político, a Comuna é ainda a contraposição à velha sociedade de classes. Emprega a violência para derrotar a contrarrevolução, requer o controle da participação dos indivíduos no trabalho comum e, ainda, requer o controle da distribuição segundo o critério de “a cada um, uma remuneração igual para um trabalho igual”.
Esta necessidade de um controle da Comuna sobre a vida coletiva e a vida dos indivíduos decorre de dois fatos. Politicamente, do fato de que a luta contra a burguesia e seus aliados ainda não terminou. Contudo, mais decisivamente ainda, decorre do fato de que a abundância necessária para que se superem os limites da Comuna ainda não se estabeleceu em todas as esferas da produção e por toda a humanidade.
Estes são os principais limites a serem superados pela Comuna: a permanência da carência em algumas esferas da produção e a permanência do exercício do poder político (ainda que com outro conteúdo de classe).

A abundância e o reino da liberdade

A burguesia deixará, como herança à humanidade, não apenas um planeta destruído e com graves problemas ecológicos, mas ainda uma humanidade em larga medida destruída. Pensemos nos depósitos de lixo, tanto os radiativos quanto os “normais”, no aquecimento do planeta, em situações como a miséria na África, nas periferias das grandes cidades e, ainda, enormes áreas perdulárias, com extremado consumo de energia e de recursos, como a Europa e partes da América do Norte.
Deixará também uma parte ponderável da produção voltada ao desperdício, uma obsolescência planejada, a produção de armas a todo vapor e, ainda, uma malha de distribuição (portos, estradas, aeroportos, estradas de ferro etc.) que serve ao lucro e não aos humanos; que, portanto, terá que ser profundamente alterada para levar os produtos aos locais que a humanidade de fato precisa.
Massas inteiras de população provavelmente se movimentarão dos locais mais pobres aos mais ricos antes que medidas efetivas de desenvolvimento das regiões mais pobres possam ser tomadas, reduzindo ainda mais a jornada de trabalho nos locais mais desenvolvidos, o que é positivo, porém trazendo novos problemas de moradia, energia, serviços básicos etc.
Logo após a revolução, a situação requererá urgentes medidas de alcance planetário e nacional, exigirá um árduo esforço (mas com as jornadas de trabalho sendo sempre reduzidas) para reequilibrar uma situação mundial que será, por ser herança do capitalismo, muito desequilibrada.
Ainda que, no geral, se produza mais do que se necessita, isto ainda não estará estabelecido em todas as localidades e em todos os ramos de produção. Por isso, a regra geral da Comuna ainda será a do Direito burguês de a cada um de acordo com sua colaboração para a riqueza comum.
Esta regra é do Direito burguês porque trata todos os indivíduos como iguais, o que não passa de uma abstração. Os indivíduos são diferentes, possuem necessidades e possibilidades individuais que são distintas, jamais são pessoas iguais. Tratar a todos como iguais, eliminando a distinção de classe, possibilitando com que todos trabalhem e contribuam com a riqueza comum, é um enorme avanço ante ao capitalismo. Contudo, é ainda apenas um enorme avanço, e não um limite que não pode ser ultrapassado.
Este avanço não deve ser subestimado, mas sua verdadeira importância está em preparar uma sociedade na qual o princípio geral será “de cada um de acordo com sua capacidade, para cada um de acordo com sua necessidade”. Isto é, uma sociedade na qual cada indivíduo não será tratado abstratamente como um igual, mas concretamente como o ser humano único, completo, total, que de fato é.
Enquanto não houver a abundância na vida cotidiana de todos os seres humanos, será inevitável um sistema de controle para saber quem trabalhou, onde e por quanto tempo, e qual a parcela que lhe cabe da produção coletiva. Este sistema de controle, já vimos, deverá ser a própria Comuna, e sob a responsabilidade e a autoridade imediata da Comuna; deverá ser o mais racional e equilibrado possível, o mais humano e generoso imaginável. Ainda assim, será um mecanismo de controle que irá requerer que horas de trabalho humano sejam consumidas fora da produção apenas para identificar a qual indivíduo cabe qual porção da riqueza produzida. Ainda que imprescindível enquanto a abundância não for universal, não deixa de ser um desperdício de energias humanas a ser superado no futuro.
Vejam: isto será inevitável porque, se não há abundância, os bens devem ser repartidos igualitariamente, o que significa determinar quanto cada um pode se apropriar de cada produto e o quanto cada um deve trabalhar para ter o direito de se apropriar de cada produto.
Este mecanismo de controle, por mais que seja coletivo, por mais que todos dele participem, por mais que não seja cristalizado em alguns grupos ou pessoas através de um constante revezamento, ainda assim é um mecanismo de controle. E, como todo controle social, aumenta a jornada de trabalho de todos porque ocupa pessoas que, de outro modo, poderiam estar empregadas diretamente na produção dos bens de primeira necessidade.
Por ser um mecanismo de controle, por ser um poder que se distingue da totalidade da sociedade (ainda que seja sua expressão) e que se confronta com os indivíduos como algo a eles externo e superior, a Comuna ainda é um poder político, é a afirmação prática e cotidiana de um poder social acima dos indivíduos. Verdade que, diferentemente do poder da burguesia, a Comuna é a expressão das necessidades e possibilidades reais da totalidade dos trabalhadores e proletários. Isto faz uma enorme diferença, acima de tudo porque, ao possibilitar que todos trabalhem e decidam sobre a produção, prepara a generalização da abundância.
Mas, mesmo com todas essas positividades, ainda é um poder acima e sobre os indivíduos e, por isso, deve ser superado tão logo a carência seja universalmente superada.
Este é o limite da Comuna: é expressão de que a carência ainda está presente para porções significativas da humanidade e para áreas de produção importantes. Deste seu limite decorre a tarefa histórica da Comuna: fazer da abundância a situação universal de toda a humanidade.
A Comuna, bem pesadas as coisas, é o último traço da sociedade de classes, tanto no sentido da produção (a carência ainda se mantém em setores importantes) quanto do ponto de vista da organização social (o mecanismo de controle que impõe que cada um deve participar da riqueza comum segundo o quanto contribui para a produção desta).

A abundância e o “reino da liberdade”

Imaginem a seguinte situação: em uma Comuna com 200 membros, há 100 maçãs para todos. A regra de distribuição deverá ser, igualitariamente, uma maçã para cada duas pessoas. E alguém precisará controlar para que ninguém leve mais do que pode e, que, portanto, haja de fato 1/2 maçã para cada um.
Nesta circunstância, se alguém quiser mais maçãs (por exemplo, para fazer uma torta de maçãs para o aniversário de seu filho), poderá trocar com outras pessoas algo que possui, ou mesmo prestar algum serviço, em troca das maçãs de que necessita. Isto é a circunstância real em que a carência impõe o preceito da igualdade formal, burguesa: todos são iguais e, por isso, merecem a mesma quantidade de maçãs. A implementação prática da igualdade na carência requer algum controle sobre os indivíduos.
Imaginem, agora, uma outra situação: na mesma Comuna com 200 membros, há 3 mil maçãs para serem distribuídas.
A regra agora só pode ser outra: cada um pega quantas maçãs quiser. Se Mariazinha pegou quatro frutas, Pedro pegou 17 e Romilda 100, não faz a menor diferença, pois há maçãs de sobra para todos. Se alguém se dispuser a controlar, será uma atividade ridícula: se há para todos, o controle da distribuição não faz o menor sentido. E, ninguém irá se dispor a trocar por maçãs nada do que possui, nem qualquer serviço.
Esta a diferença da abundância e da carência, quando se trata da repartição do que foi produzido. A carência impõe o controle para se ter igualdade. E a igualdade só pode ser a cada pessoa uma porção igual da riqueza social. Na abundância, a igualdade é outra: a cada um de acordo com sua necessidade.
Isto para a esfera da distribuição. Algo análogo ocorre na produção.
A abundância significa não apenas que produzimos mais do que o necessário para a totalidade das necessidades de toda a humanidade, mas também significa que produzimos muito mais por cada hora trabalhada.
Um cálculo realizado pela ONU no final do século 20 indicava que, para se produzir tudo o que hoje é produzido no planeta, se todos os humanos entre os 22 anos e os 50 anos de idade trabalhassem, se a licença maternidade passasse para quatro anos e a licença paternidade para três anos – e se todos trabalhassem com a produtividade média de um trabalhador japonês (não mais, naquela época, topo da produtividade do planeta), cada pessoa teria de trabalhar 17 minutos por dia!!
Dezessete minutos para produzir todos os armamentos, as comidas e roupas que são desperdiçadas, a energia que é mal consumida, os venenos agrícolas que nos contaminam a cada dia e os remédios que só fazem a fortuna do complexo médico-hospitalar! Dezessete minutos para destruir o planeta e matar aos poucos a todos nós. Se fosse para produzir apenas o necessário para os humanos, sem as desumanidades que decorrem do capital, poder-se-ia trabalhar bem menos, oito ou seis minutos por dia!!
Percebam: isto é a abundância! Se todos trabalharem (e nas melhores condições possíveis), ter-se-ia que trabalhar algo em torno de oito horas a cada 30 dias — e com o desenvolvimento das forças produtivas, ainda menos. A vida humana seria reformulada inteiramente: o necessário para a reprodução da vida humana seria diminuído para um dia por mês e, depois, para ainda menos. Os sábados e domingos seriam, agora, 29 dias do mês. Os dias de segunda a sexta (os dias de trabalho) seriam reduzidos a um dia por mês!
Pensem em como diminuiria o transporte de pessoas pelas cidades, como se reduziriam imediatamente os maiores problemas de trânsito e poluição urbanos, como aumentariam as festas, os jogos de bola, a produção artística; como se teria muito mais tempo para amar, escrever, fazer poesia e tudo aquilo que é verdadeiramente humano. Como se ficaria muito menos doente, como se seria muito mais saudável, como a vida seria muito mais confortável e feliz. Aposentadoria? Um problema simplíssimo: ninguém trabalha se tem mais de 50 anos. O trabalho de todos é mais do que suficiente para manter as crianças e os idosos.
Isto é a abundância: ter-se-ia de tudo em abundância com muito menos trabalho. Desde que todos trabalhem, desde que não haja uma classe dominante a explorar os trabalhadores e proletários, desde que se supere o capital, haverá riqueza suficiente para todas as necessidades de todos os humanos. Isto é a superação da sociedade de classes, do Estado, da política e do patriarcalismo (a monogamia).
Nesta nova situação, se, por exemplo, para fazer uma viagem de volta ao mundo, eu decidisse ficar dois anos sem trabalhar, e meu camarada Ivo topasse me substituir, desde que eu, nos dois anos subsequentes, o substituísse no trabalho, se fizéssemos este acordo entre nós, não haveria a menor importância para a humanidade. A autonomia dos indivíduos, também na produção, seria a condição imprescindível a fim de que todos trabalhassem para o bem comum, para a riqueza produzida coletivamente. A rigor, nem profissões como as que conhecemos hoje ainda existirão…
E esta autonomia apenas é possível se todos participarem das decisões que envolvem o quê, o como e o quanto deve ser produzido, se todos decidirem em que condições deve se dar o trabalho de todos. Ou seja, isto só é possível se o trabalho não for mais o trabalho assalariado obrigatório, mas sim um trabalho livre, coletivo e consciente de todas as pessoas da humanidade.
Este trabalho livre, coletivo e consciente é o trabalho associado. E o trabalho associado é o que funda o modo de produção comunista.
A função social da Comuna é preparar a transição da carência à abundância, do trabalho assalariado ao trabalho associado, e realizar a transição da sociedade de classes para um planeta sem patrões. Realizada esta tarefa, a Comuna tenderá a desaparecer. E, com ela, irá para a “lata de lixo da história” (a expressão é de Engels) tudo aquilo que serviu para as classes dominantes explorarem os proletários e trabalhadores: o Estado, o Direito, a política, a violência, o patriarcalismo (a monogamia) e a propriedade privada.
A atual tarefa histórica da humanidade é derrubar o poder burguês (sob a forma de democracia ou de ditadura) e colocar em seu lugar a Comuna, para realizarmos a transição à forma superior de liberdade hoje possível à humanidade: o comunismo.

O possível e o impossível

Hoje, a Comuna é uma impossibilidade e o dilema burguês democracia-ditadura é, de fato, o único futuro possível que conseguimos enxergar.
Mas a história da humanidade é, também, a transformação do impossível em possível. Antes da Revolução Francesa (1789-1815), não se afirmava ser impossível uma sociedade sem reis e rainhas? Não era dito então que não ter reis e rainhas equivaleria ao caos e à guerra civil? Antes da abolição da escravidão no Brasil, não se dizia que sem escravos o país não poderia existir? Antes da queda do Império Romano, não se dizia que só haveria civilização com base no trabalho escravo?
Quantos limites a humanidade não deixou para trás? Quantos “impossíveis” foram tornados “possíveis”? E por quantas vezes essa ampliação do possível não se deu rapidamente, em questão de meses ou poucos anos?
As necessidades humanas, quando se tornam urgentes e quando a elas não há alternativa, impulsionam a humanidade para novos e mais elevados níveis de desenvolvimento, que tornam o que era até então considerado impossível, não apenas possível, mas também necessário.
Vivemos hoje um período histórico com estas características.
A velha sociedade de classes, sob sua forma contemporânea, o capitalismo, está morrendo. De sua agonia brota a necessidade urgente de uma nova forma de organização social, em que todos produzam e tenham acesso a tudo o que for produzido, em que as necessidades humanas – e não o lucro – ordenem a produção.
Mais cedo ou mais tarde, a humanidade revolucionará o presente e fará da Comuna algo possível e necessário. Então, a sociedade de classes se tornará uma impossibilidade histórica, tal como são hoje o Império Romano ou o feudalismo.
“Ampliar as fronteiras do possível”: esta a tarefa da humanidade, e esta a tarefa de cada indivíduo que compõe a humanidade. Como? Começando por destruir o Estado burguês e o trabalho proletário, e substituindo-os pela Comuna e pelo trabalho associado.


LINKS – LEIA TAMBÉM:

Páginas interessantes sobre o assunto, com outras opiniões. Leituras complementares. (Os links a seguir não necessariamente representam a opinião deste autor, alguns inclusive contradizem. Tem, portanto, função de enriquecer a discussão e fazer você desenvolver sua própria opinião.)

  1. Vários textos revolucionários (inclusive o original deste) – https://coletivoveredas.com/livros-em-pdf.

Nesta quarta semana de maio de 2018 o Brasil “foi surpreendido” por uma greve dos caminhoneiros no país.

O governo historicamente faz campanha que iria reativar o sistema dos transportes por trem, além de investir nos transportes fluviais, já que temos muitos rios navegáveis. Mas essa ideia nunca saiu do papo.

Caminhoneiros

Consequentemente em menos de uma semana se instalou uma crise no país, inicialmente com o fim dos combustíveis nos postos de gasolina num desespero alarmado pela mídia. Como eles são o único meio de transporte adotado, também começaram a faltar alimentos para as criações animais confinadas, dependentes de importação de insumos. A mesma ausência se espera com remédios, em breve com alimentos, correspondências e outras necessidades básicas. Nestes quase cinco dias a cidade parou, pois não tem mais combustíveis para o transporte público.

Consequentemente as universidades, escolas e algumas empresas estão paralisando.

Reparam que todos estes problemas são consequências da centralização e monocultura ao contrário da diversidade?

Um pouco de história “semelhante” em Cuba

Ao final da queda do socialismo, com a queda do muro de Berlim e o fim da União Soviética – URSS, em 1989, que bancava a ilha de Cuba em troca de alimentos e materiais tropicais por combustíveis e insumos outros, a ilha, do dia pra noite, passou a ficar sem combustíveis, e os caminhões não conseguiam trazer alimentos do interior da ilha para as cidades.

Aconteceu exatamente o que se passa atualmente no Brasil em apenas uma semana, mas lá de forma permanente. Esta passagem ficou conhecida como a depressão cubana dos anos 1990, reforçada pelo bloqueio dos EUA, maior economia da época. Meses até começarem a se reestabelecer.

Em menos de um mês a população precisou aprender a diversificar sua forma de vida, fechando ciclos e indo contra a dependência energética global. Todos seus resíduos orgânicos (lixos) passaram a ser utilizados para a produção de alimentos nas ruas e telhados, o que ficou conhecido como organoponia. A falta de energia obrigou a muitos a passarem a captar água da chuva. O país passou a reformular suas formas de agricultura, pois não tinha mais como importar adubos derivados de petróleo, desenvolvendo assim uma agricultura em grande escala de forma um pouco mais sustentável. O restante da história já conhecemos bem, pois com o embargo o país se viu obrigado a investir no que realmente é importante para a população: educação e saúde de qualidade. Apesar de “pobre” economicamente, esse país tem toda a população com ensino superior, e a melhor saúde do mundo em atendimento médico e população atendida.

Muita permacultura se desenvolveu a partir daí, pois a permacultura é o melhor caminho para planejar ambientes sustentáveis permanentes.
* Veja mais sobre a permacultura cubana aqui, por yvyporã

e também no vídeo ao final deste texto: O poder da comunidade.

A permacultura e a crise energética mundial

A permacultura nos apresenta em sua ética três questões básicas a sempre serem lembradas:

  1. Cuidar da Terra
  2. Cuidar das Pessoas
  3. Limites ao crescimento e ao consumo, compartilhando excedentes, inclusive conhecimentos

E como a permacultura é uma forma de planejamento de ambientes humanos sustentáveis, seja uma casa, uma fazenda, um bairro, cidade ou até um país, ela traz alguns princípios de planejamento e formas de se pensar o espaço.

Destes, resumidamente, doze princípios destaco o décimo, que tudo tem a ver com este problema:

10. Use e valorize a diversidade!

Que traz como frase de exemplo:

“Nunca coloque todos os ovos no mesmo cesto”

O qual se reflete na metodologia de planejamento, que na permacultura nos ensina que quando pensamos em atender uma necessidade sempre devemos ter pelo menos duas ou três fontes ou formas diferentes de atendê-la!

Isso é reflexo das lições básicas de ecologia, lá da quinta série (ou sexto ano), onde aprendemos a importância da biodiversidade para a vida. Mas como nossa educação é linear e sistemática, pouco ou nada sistêmica, não aprendemos a fazer relações e reproduzir os princípios da natureza para todas as coisas da vida. Isto é o que nos ensina a permacultura.

Se o país fosse planejado, executado e legislado, numa forma permacultural, jamais existiria “apenas uma cesta para levar todos os ovos”!

é pra “desenhar”?

Os caminhões não seriam a única forma de transporte. Igualmente distribuídos TODOS os produtos iriam a seus destinos por trens, barcos e somente nos finais, por caminhões. Isso resultaria numa melhor qualidade de vida para os caminhoneiros.

Aliás, os derivados de petróleo não seriam a única fonte de energia para os veículos. O Brasil já se destacou como referência em veículos movidos a energia renovável…. mas assim como o lobby das indústrias de carros, existe dos combustíveis, que enquanto o petróleo não acabar não vão mover uma palha em nome das energias limpas.

Os produtos perecíveis não viriam de longe, então não nos preocuparíamos com a falta de alimentos. Aliás, seriam produzidos em todos os bairros e não no outro lado do planeta!

Aliás, os cultivos e criações não seriam monoculturais, e muito menos dependentes de insumos externos, que também dependem destes sistemas. Mas como também existe lobby de indústrias alimentícias, existem de agrotóxicos (venenos, “defensivos”), inclusive com um grupo grande e influente do agronegócio dentro do governo, como sempre não representando a população, só interesses próprios.

O mesmo serve para os remédios e medicamentos.

Enfim, as cidades não teriam tanta concentração de pessoas, pois isso nos fragiliza!

Os resíduos (lixos) orgânicos, assim como os esgotos deveriam ficar nas suas ruas ou bairros de origem, e deles ser possibilitada a origem de alimentos orgânicos para a população local em hortas comunitárias. Já os resíduos inorgânicos não deveriam existir, simples assim.

Ou mudamos todas essas formas de viver, de produção e principalmente de consumo, ou continuaremos dependentes do sistema para tudo. Não temos obrigação de alimentar o sistema, e o estado deveria nos possibilitar isso incentivando essas iniciativas, promovendo-as.

E é isso que busca a permacultura, possibilitar que não fiquemos tão dependentes dos meios externos para viver. Vale conhecer!


Links relacionados:

WhatsApp Image 2018-05-24 at 17.52.20
veja mais em: http://sitionosnateia.com.br/2018/05/pico-do-petroleo-permacultura/ 

 

Republico o texto abaixo, pois toda vez que vou postá-lo no facebook ele é censurado e eu não consigo, então resolvi copiar e colar no meu próprio blog para ter acesso quando preciso, pois nada deveria ser mais natural que o corpo humano.

O original tá aqui.

Nudez e vergonha do corpo

Arthur Virmond de Lacerda Neto

arthurlacerda@onda.com.br

Imagem

Por que o brasileiro encobre certas partes do seu corpo nas praias? Décadas atrás, havia traje de banho: as pessoas banhavam-se no mar vestidas, com trajes próprios, que, nos homens e nas mulheres, encobriam-lhes o peito e a metade superior das coxas. Depois, os homens descobriram o tórax e as mulheres adotaram o “maillot”.  A seguir, o calção de banho masculino reduziu-se a as mulheres adotaram o biquini, em que se lhes ocultam as mamas e o púbis. Surgiram, a seguir, a sunga, o “fio dental” (que seria melhor designado por fio de nádegas) e a porção superior do biquíni reduziu-se drasticamente. Hoje, é mínima a parcela do corpo humano que a moral convencional obriga a encobrir, nas praias.

As mamas e a genitália feminina são, ainda, ocultas por indumentos mínimos, se é que se pode chamá-los de roupas. Na verdade, não o são; não são trajes de banho. São a expressão da mentalidade do brasileiro, segundo a qual é moralmente necessário, por decência, por pudor, por “uma questão de ética” e de moralidade, que se velem, minimamente que seja, as mamas e a genitália (as nádegas acham-se totalmente expostas, há décadas). Da mesma forma, o homem deve encobrir as nádegas, o pênis e o escroto.

Qual a racionalidade da ocultação destas partes? Nenhuma. Assim como, dantes, nenhuma imoralidade havia na exposição do peito dos homens e na abdômen das mulheres, nenhuma indecência há em as mulheres andarem de mamas ao vento e os homens de pênis solto.

Nu no metrô.

O corpo é natural (ou não?); ele não é imoral (ou é?).  Nenhuma das suas partes deve ser motivo de vergonha (ou deve?); não há regiões do corpo mais decentes e outras menos (ou há?). “Naturalia non turpia”, diziam os antigos: o natural não envergonha, não deve envergonhar, não há porque envergonhar.Qual é a justificativa racional, defensável, coerente, de se obrigar moralmente ao velamento de certas partes do corpo? Nenhuma. Por que o pênis deve ser ocultado? Por que as mamas devem ser encobertas? Por nenhum motivo; apenas e exclusivamente por causa da rotina mental, do costume, da imitação do uso, da repetição, do modelo mental a que as pessoas são condicionadas, a que aderem e que se perpetua por inércia.

Ninguém pense que a exposição da genitália é excitante. Quem nunca viu, observa, na primeira vez, por curiosidade; na segunda, ainda observa, ainda por curiosidade; na terceira, já viu e, mais do mesmo, a repetição enfara e desaparece a curiosidade e, com ela, o olhar. Ademais, pode excitar mais o encobrimento do que a exposição: imagina-se o que se não vê; o que se vê pode decepcionar…

E se a exposição da totalidade do corpo fosse excitante? Que mal haveria em que o fosse? Há mal na libido, na sexualidade, na excitação, na atração física, no interesse? Acaso nada disto existe? Acaso devemos fingir que nada disto existe? E acaso a excitação limita-se às partes encobertas? Só há excitação mercê da observação do que se oculta ou o restante corpo também atrai? E porventura, nas praias, as pessoas sentem-se todas e sempre atraídas e  excitadas com a observação dos corpos quase nus?

A experiência demonstra que a visão do nu completo não é excitante após a segunda ou  a terceira vezes:  o que já se viu torna-se sensaborão, perde a graça. Os brasileiros pensam em contrário, acreditam que o nudismo excita por quase total falta de experiência de observação da nudez total.

Há, no Brasil, raras praias de nudismo, isoladas, quase como se fossem campos de concentração ou lazaretos, cujos freqüentadores devem ser segregados. No Brasil, apesar do calor (Rio de Janeiro, quarenta graus!), ai da mulher que andar de mamas ao vento no areal da praia! Toda a gente olhá-la-a, em regra por curiosidade (nunca viram cousa tal) e haverá policial que intervenha para coibir o atentado ao pudor, duplo índice do retrógrado da mentalidade do brasileiro, para quem o descobrimento das mamas é moralmente condenado e atentatório aos bons costumes. Para mim (brasileiro) é ridículo, é primário que os bons costumes envolvam, ainda, o encobrimento de certas partes do corpo; é idiota que se censurem as mulheres por exporem as suas mamas; é sem sentido que os homens devam ocultar o seu órgão de emissão da urina.

Que diferença há entre tapar-se o bico da mama das mulheres e não o fazer? Uma tira estreita de pano amarrada nas costas; outra tira, mais estreita, sobre os pentelhos,  resguardam a moral e a decência? A sua ausência é atentatória do pudor e dos bons costumes? Pense com seriedade, reflita por um minuto, fora da rotina mental a que está condicionado: que diferença faz? Por que tais trapinhos seriam sinônimos de pudor? Por que a sua ausência é despudorada? O mesmo em relação à genitália masculina. Em que há indecência, imoralidade, atentado ao pudor, ofensa na exposição do que é natural?

Por que nas praias de nudismo a decência é diferente, a pudicícia prescinde de tapa-sexos, o corpo exposto é decente? Em que difere a moralidade do nudista da do vestido? Em que o primeiro encara o corpo como  naturalidade e o segundo associa-o à sexualidade. Erotiza-0 não  quem o expõe, senão quem o oculta: quem o expõe, fá-lo desinibidamente, sem lhe atribuir conotação sensual; atribui-lhe sensualidade quem oculta certas partes, a que atribui papel lúbrico. O nudista não pensa só em sexo; o ocultador, sim. Para o nudista, o corpo é apenas o corpo; para o ocultador, certas das suas partes são motivo de vergonha, a sexualidade é motivo de vergonha.

No areal das praias do Rio de Janeiro, se uma mulher retirar o  tapa-sexo superior, haverá quem chame a polícia, para reprimi-la por ato de despudor, como ocorreu com uma estrangeira, acostumada, no seu país, à exposição das mamas e que se perplexou com a atitude do brasileiro, que admite a nudez integral no carnaval, masculina e feminina, que suporta temperaturas de quarenta graus e para quem os bons costumes dependem de se encobrir o bico do seio.

Na Grécia, os atletas praticavam ginástica nus (ginástica provém do grego “gimnadzein”, ou seja, treinar nu). Por 550 anos, eles disputaram as célebres olimpíadas em nudez total.

A estatuária grega e romana representava os imperadores, os generais, os deuses, nus, de pênis à mostra, sem encobrimento. O corpo não era motivo de vergonha para o romano nem para o grego; era-o para os bárbaros (orientais); tornou-se tal para os cristãos, que herdaram a mentalidade dos bárbaros e não a dos gregos e romanos.

Merkel nua.

Revista Sol Amigo, número 152, de 1962. A senhora da esquerda não é Angela Merkel.

Na Alemanha, pratica-se o nudismo integral há cerca de 120 anos. A nudez total integra os costumes alemães. Anda-se nu, em pelo, em público, nas cidades alemãs, sem que tal seja motivo de escândalo nem de atentado à moral e aos bons costumes. Para o alemão, o corpo não é motivo de vergonha nem a nudez é sexual: é natural. Na França, na Espanha, em Portugal (em parte), na Itália (em parte), na Alemanha, na Inglaterra, na Califórnia, na Grécia, na Croácia, na Dinamarca, na Finlândia, na Noruega, na Suécia, na Califórnia e alhures, as mulheres apresentam-se, nas praias, de mamas ao vento e ninguém se escandaliza com isto nem se põe a mirá-las como objetos sexuais, exceto os brasileiros, bisonhos em tais costumes de liberdade.

Na Europa, pratica-se o nudismo doméstico: todos nus, pai, mãe, filhos; 42% dos franceses estão habitualmente nus em casa. Na Espanha, há 230 praias de nudismo. Na Alemanha, há mais de uma centena de campos e praias de nudismo e lá é costumeiro receberem-se visitas nu. Há dezenas de campos de nudismo na Inglaterra e na França. Nos E.U.A.,  passa de 200 o número de centros de bem-estar (“resorts”) nudistas. Na Alemanha, há cerca de 95 anos , com aprovação governamental, e nos EUA, há pelo menos 65, há escolas nudistas: todos nus, inclusivamente os professores.

Na Universidade de Berkeley (Califórnia), é tradicional a corrida dos nus, em que estudantes correm pelos corredores dela, nus, rapazes e moças, alecremente. Em Roskilde (Dinamarca), realiza-se, desde 1971 festival musical, em que há uma corrida de nus; também em Aahrus, na Suécia, em festival popular, correm os nus. Em Meredith (Austrália), é tradicional a corrida dos nus, em festival a que acorrem centenas de pessoas, de crianças a velhos. No deserto do Nevada (E.U.A.) é tradicional o festival Queima do Homem, musical; por ser no deserto e quente, estão todos inteiramente pelados. Na Suécia, é tradicional uma competição musical, em um bosque, com assistência das pessoas em geral, de crianças a velhos, em que os músicos estão nus. Nas Filipinas, a fraternidade Alpha Pi Omega, presente na Universidade de Manilha, promove, anualmente, a corrida e passeio dos seus integrantes, nus. Em Londres, os estudantes das altas escolas promovem o banho no Tâmisa, nus. Na Califórnia, há décadas há escolas nudistas: todos nus, alunos e professores.

Em inúmeras cidades européias, norte-americanas, na do México, realiza-se a pedalada nua, em que os ciclistas pedalam, de dia, em público, nus. Em Londres, concentram-se, anualmente, centenas de ciclistas. É permitido fotografar e há centenas delas fotografias na rede de computadores: as pessoas não se escandalizam nem se pejam por estarem peladas em público nem por serem fotografadas nos seus pinto, bunda e mamas. Em algumas cidades do Brasil, há pedaladas nuas, mas uma delas, de SP, foi de noite, no escuro. Percebe a diferença ?

A nudez é escandalosa? É indecente? O pinto e as mamas são indecorosos? Não, definitivamente, não são. O brasileiro é que foi ensinado a pensar que o são.

Nestes países, quem quiser, é livre de andar nu na rua, no mercado, na praça, no metrô. E as pessoas fazem-no. Reconhece-se: 1- a ausência de obrigatoriedade de vestir-se; 2- a liberdade de nudez, como soberania sobre o próprio corpo.

Liberdade de nudez, de andar nu, de não se vestir; direito de não encobrir o próprio corpo. É liberdade que as populações européias reconhecem e praticam e que o brasileiro ainda sequer concebe.

“Mas o que é que uma criança vai pensar disto?”. É exclamação (com forma de interrogação e intuito de censura) típica de brasileiros, que perguntam o mesmo em relação às manifestações homoafetivas. Perante dois homens de mãos dadas, o brasileiro convencional exclama: “O que vai se dizer para uma criança, disto?” (diga-lhe que há homens que amam homens). Perante a possibilidade da nudez total na praia ou na cidade, o brasileiro convencional preocupar-se-á (sincera e também hipocritamente) com a formação das crianças e manifestará escândalo (digo hipocritamente porque a maioria dos pais jovens negligencia a formação dos seus filhos, papel que atribui à escola, como se o professor devesse fazer de pai dos filhos alheios. Outros são hipócritas porque usam a saúde moral das crianças como pretexto sob o qual dissimulam o seu moralismo).

Se uma criança, na praia, na cidade, no campo de nudismo, vir o pênis, o escroto, os pentenhos, as nádegas, a vagina, as mamas, terá visto o corpo como ele é  e terá aprendido que tudo isto integra os seres humanos (inclusivamente ele próprio) e que  nada disto merece, razoável nem justificadamente, ocultação como critério de moralidade.

“Se eu ficar nu, toda a gente vai me olhar”. Muita gente olhá-lo-a por curiosidade, por não estar acostumada com a nudez. A nudez individual, isolada, é atrativa; deixará de sê-lo se, a pouco e pouco, as pessoas exercerem a sua liberdade e tornar-se, gradualmente, costume a exposição, a começar pelas praias.

Na praias francesas, portuguesas (em parte), italianas (em parte), espanholas, gregas, alemãs, francesas, croatas, e mais na Austria, na Suécia, na Dinamarca, na Finlândia, na Noruega, na Inglaterra, na Califórnia, na cidade de Nova Iorque e em outras,  as mulheres andam de mamas ao vento e ninguém lhes liga. Liga-lhes o brasileiro que nunca viu tal: observa-as, por curiosidade, uma vez; outra vez, ainda com curiosidade. Da terceira por diante, já viu. Na quarta, é mais do mesmo. Assim é na Europa há décadas: o europeu abandonou o preconceito de que o tapa-sexo é indispensável à moralidade, aos bons costumes, à salvaguarda da família e dos mais valores da civilização ocidental, de deus e da evitação do pecado.

Peladada Floripa 2016

Neste momento, a mentalidade dos brasileiros, quanto à exposição do corpo, é demasiadamente conservadora, convencional, rotineira, mesmo arcaica. Já foi pior, quando o cristianismo, religião repressora, por excelência da sexualidade, preponderava com o seu ethos. Em décadas pretéritas inexistia o banho de mar: que imoralidade uma mulher expor o tornozelo. O tornozelo! Poderá piorar, na medida em que se propagarem as formas evangélicas de cristianismo, atualmente em avanço no Brasil. Manter-se-á estacionária enquanto não se despertar a atenção do público em relação a tal matéria: hostilizam a nudez as gerações supra-50, cinquentagenários, sexagenários, septuagenários, octogenários, gente formada em décadas passadas, sob modelos mentais de acentuada austeridade e repressão de costumes. Gente velha, de mentalidade arcaica. Também a hostilizam os religiosos de todas as idades, para quem toda nudez deve ser negada. Gente de mente fechada, submetida aos mandamentos bíblicos.

Peladada Floripa 2016. Fonte:  http://www.pedalafloripa.com/2016/03/peladada-floripa-2016.html

O preconceito contra a nudez, a vergonha do corpo, o automatismo do seu encobrimento constituem, propriamente, heranças católicas: padrões de pensamento, de comportamento, de reação emocional, em suma,  mentalidades e costumes que se incutiu no brasileiro mercê da pregação insistente, reiterada, efetuada pelo clero católico e, agora, pelo evangélico, com aplicação de dizeres da Bíblia.

Como sempre, a Bíblia justifica o arcaísmo de comportamentos e a negação das liberdades. Daí, a existência, em décadas pretéritas, do padrão católico de vestimenta feminina e o padrão atual de vestimenta evangélica, em Curitiba, pelo menos, em que as crentes (normalmente da classe C) usam cabelos compridos, presos na nuca, a que não aplicam shampoos nem condicionadores (tampouco se pintam); vestem camisa de mangas compridas ou blusa; saia de brim azul ou semelhante, até a altura dos joelhos; calçam sandálias. Vista uma mulher trajada por esta forma, como forma de identificação de pertencimento à sua classe social, identifica-se nela mulher evangélica.

Também os jesuítas concorreram para a formação da mentalidade anti-nudez. Nos seus manuais, no século XVIII ensinava-se, nos colégios, a trocar de camisa sem se olhar para o próprio sexo e de forma que nenhuma parte do corpo se expusesse, mesmo quando o aluno estivesse sozinho: a nudez torna-se vergonhosa mesmo perante o próprio indivíduo, independentemente de olhares alheios.

Em 1920, José Tomaz de Almeida, na revista Ave Maria, publicada em São Paulo, escrevia: “escravizar-se uma senhora digna ou uma donzela, à moda indecorsa, apresentando-se de pernas expostas, tão curtas usam as saias, de braços nus, com colo e costas à mostra, provocando maus sentimentos, excitando pecados, é contra a moral, é tudo que pode haver de anti-cristão, de condenável, de verdadeiro paganismo!”

            Adiante: “O corpo da mulher deve andar velado, pois ele é o templo vivo do santuário da divindade. O dernier cri do nu, como a desfaçates da impudica e leviana, avilta e deshonra a virtude nas suas exibições”.

            “O pudor, a modéstia e a timidez, são o encanto da mulher.”

            “Encompride as saias curtas, que exibem as pernas; levantae os decotes que expõem vosso corpo; baixai as mangas que descobrem os braços; sede discretas no trajar para não vos confundir com as heroínas do vício”.

            Por sua vez, o padre Ascânio da Cunha Brandão, na mesma revista Ave Maria, em 1936, verberava os costumes de liberdade dos alemães:

Aí está por exemplo a Alemanha, mandando buscar nas ruínas da Grécia pagã o fogo sagrado para a suas Olimpíadas e prestando à carne e aos deuses pagãos um culto que excede as raias da estupidez e do ridículo.

            Os deuses! A Grécia! As Olimpíadas! O nudismo! O atletismo!”

Adiante: “Não é condenável, por exemplo, este espetáculo de vergonha e despudor que nossas praias de banho? Este nudismo escandaloso está reclamando uma medida enérgica. É incrível!”.

            Em 1944, o mesmo padre, em outra colaboração com a revista, asseverava:  “Sim, a Igreja, ou melhor, a moral católica reprova como ocasião de pecado e de escândalo, o nudismo exagerado nas praias e o banho em comum na promiscuidade dos sexos”. Pretendia ele que as mulheres usassem maiô (peça de vestuário que lhes velava o tronco, das mamas à virilha) e que os homens e as mulheres freqüentassem o areal da praia separadamente, à maneira do regime de segregação da Africa do Sul, em que se isolavam os brancos dos negros.

O ethos católico de velamento do corpo perpetuou-se, como dado da formação dos costumes brasileiros; o que há de mais imbecil, mais retrógrado, mais tacanho, mais obtuso, mais burro da igreja católica inveterou-se nos costumes do brasileiro. As pessoas já não se lembram de pregações deste tipo, porém praticam os comportamentos correspondentes porque se lhes criou uma verdade e uma ética, que considero verdadeira porcaria mental e moral.

O exercício da nudez e o uso da vestimenta compreendem formas de liberdade. Na Alemanha e em outros países europeus, há a liberdade de vestir-se e a de não o fazer. Veste-se quem o quer fazer e anda nu quem entende fazê-lo: isto é liberdade.  Não significa que os alemães exibam-se preferencial ou corriqueiramente desnudos, porém a desnudez não os escandaliza. Não é que prevalece no Brasil.

A moralidade liga-se aos valores, ao senso de verdade, de solidariedade, de probidade, à disciplina pessoal, à generosidade, à paciência, à compreensão, à empatia, à perseverança, ao estudo, ao cultivo de si próprio, à aquisição da cultura, aos bons modos, à colaboração. A moralidade não se prende à repressão da sexualidade (até certo ponto) nem ao velamento de certas partes do corpo, tampouco à obediência à textos da Bíblia nem a padrões de comportamento baldos de sentido.

Há moralidade e há moralismo. Aquela envolve a liberdade pessoal e de costumes; este compreende, também, padrões de comportamento liberticidas e irracionais. É o caso, a segunda, do brasileiro, em relação à nudez. Oxalá evoluam eles do moralismo para a moralidade; da censura que praticam por rotina para a liberdade de que aprendam a usufruir.

Nos últimos meses, repetiram-se casos de nudez em público em Porto Alegre e em Curitiba. Houve, pelo menos um caso, também em Brasília e outro em Jaraguá do Sul, em meses recentes.

São sinais dos tempos. São indícios de que há modificações nas mentalidades e nos costumes: tendem, uns e outros, para menos vergonha do corpo, menos pudor, menos preconceitos artificiais, mais naturalidade, mais liberdade, mais cada um ocupar-se menos da vida e do corpo alheios.

O desnudamento já não mais isolado, porém multiplicado; não protestatário, porém sereno; não afrontoso, porém respeitoso; não exibicionista, porém discreto, revela uma nova realidade axiológica e comportamental. As pessoas começam a aceitar a nudez em público; porém raras ousaram, até o presente, praticá-la.

Os quatro ou cinco nus de Porto Alegre, os quatro ou cinco de Curitiba, não são delinqüentes nem exibicionistas sexuais; as suas manifestações, idênticas, não constituem coincidências extraordinárias. Salvo o caso de dois, doente psiquiátrico e de outro, drogadicto (segundo veicularam os meios de informação), os demais foram precursores, cujo desassombro levou-os à iniciativa de que outros compatriotas se abstém por timidez e, máxime, por temor da reação policial. Eles exprimiram sintoma de novas realidades na sociedade brasileira.

A nudez repugna a certos velhos, educados há cinquenta, sessenta e mais anos, em pretérito de valores e de mentalidades que se anacronizaram. Também repugna a certos religiosos, cuja gimnofobia resulta dos dogmas que professam. Nem os arcaísmos mentais nem os sectarismos devem balizar a ação policial (sobretudo, no caso da repulsa religiosa, à luz da laicidade do Estado brasileiro).

No âmbito da liberdade individual, velhos (e gente de todas as idades) e religiosos (crentes de quaisquer religiões) dispõem da faculdade de enfarpelarem-se com toda a austeridade. Não dispõem da autoridade de imporem-na a quem não compartilha das suas convicções nem é justo o Estado, ao legislar, ao judicar, ao atuar junto do cidadão (é o caso da polícia) pautar-se por critérios de minorias, que restringem, injustificavelmente, as liberdades, seja da maioria, seja de outras minorias.

É papel também do Estado observar o estado de coisas que se apresenta, reconhecer nele tendências sociais, respeitar os cidadãos, adaptar-se à evolução da sociedade brasileira e revogar o infeliz artigo 233 do Código Penal (ato obsceno).

Na França, em 1994, revogou-se o crime de atentado ao pudor, análogo ao deste artigo e substituiu-se pelo de exibição sexual.

É diferente a nudez pura e simples, da exibição sexual. Estar nu não equivale a exibir-se eroticamente, mesmo porque tal exibição é suscetível de ocorrer em vestidos. Presumo que em outros países europeus o tratamento legal da questão seja igual ou análogo.

Enquanto o nudista não cometer importunação, enquanto limitar-se a estar nu como se estivesse trajado, é indiferente, é irrelevante a sua nudez; nestas condições, ela diz respeito ao próprio e não a outrem, e não à polícia nem ao Código Penal.

Atualize-se, a lei, quanto aos costumes. Entenda ela a evolução dos comportamentos. Compreenda o anseio por liberdade. Enxergue inocência onde ela existe.

Não tolha, o Código Penal, a liberdade dos cidadãos. Não veicule valores de que a sociedade se vai dissociando. Não confunda nudez natural com impudor. Não imagine crime nem maldade onde existe inocência em face da lei e das intenções. Não reprima o que a lei não proíbe.

Proteja o Código Penal o cidadão pacífico, no exercício legítimo das suas liberdades e dos seus direitos; defenda-nos de quem nos mata, nos estupra, nos rouba, nos ludibria, de quem nos causa, realmente, mal. Não reprima os nudistas, que, estes, são cidadãos de bem, como quaisquer outros vestidos.

Por todos estes motivos, considero oportuno e bem-vindo:

1-revogar-se o artigo 233 do Código Penal,

2-autorizar-se o desnudamento das mamas em todas as praias do Brasil (monoquíni, vulgo “topless”),

3-autorizar-se a nudez integral em todas as praias do Brasil ou, pelo menos, facilitar-se a multiplicação de praias de nudismo ou a delimitação de áreas nudistas nas praias têxteis (de gente semi-vestida).

Agora,preste muita atenção nisto: em Direito, o que não está proibido, está permitido. Não há, no Direito brasileiro, nenhuma regra que proíba a nudez em público; logo, ela é permitida. Sim, é permitido estar nu em público no Brasil. Há o artigo 233 do Código Penal, que pune o crime de ato obsceno. Obsceno é o que envolve sexualidade afrontosa, conforme os padrões sociais predominantes. Estar nu não é ato, é condição; estar nu não é obscenidade, é naturalidade. A polícia não deve e não pode reprimir quem anda nu em público. Quando o faz, ela atua como agente de mentalidade arcaica, veicula valores sem sentido, reprime indevidamente o cidadão na sua liberdade e pratica, ela, polícia, o crime de constrangimento ilegal, ou seja, obriga a cidadão a fazer o que a lei não o obriga (encobrir-se). Foi o que eu disse, por escrito, aos comandantes da PM do PR e da Brigada Militar do RS.

Demais, o que seja obsceno varia com as mentalidades. O Código Penal brasileiro data de 1940; estamos em 2016: os critérios não podem ser os mesmos. A polícia não pode reprimir, por alegada obscenidade, em 2016, como se estivessemos em 1940.

Na Inglaterra, Alexandre Sutherland Neill (1883-1973) criou a escola Summerhill, em que os próprios alunos criavam as regras porque nela se regiam (auto-regulação). Laico, o seu ensino era destituído de inculcação religiosa (pelo que os seus  alunos desenvolviam-se fora do conceito de pecado e do sentimento de culpa que ele origina) e fora da repressão da masturbação e da nudez, pelo que os seus alunos adquiriam a saúde psicológica de que tão freqüentemente eram privadas as crianças e os jovens educados sob a censura da sexualidade, em geral, e sob a obrigação de ocultarem o seu corpo.

A nudez, observava Neill, jamais deveria ser desencorajada. O bebê deveria ver seus pais despidos, desde o princípio”. Em Summerhill,  prevalecia “atitude absolutamente natural” (Liberdade sem medo, p. 213. São Paulo, Ibrasa, 1977), acerca da nudez, em resultado do que, os seus alunos não desenvolviam curiosidade mórbida por corpos (femininos nem masculinos), não se tornavam mixoscopistas, não se envergonhavam diante do desnudamento alheio, não  se vexavam por serem vistos nus por outrem.

Um casal, pais de filhos crianças, adotaram, com hábito, o desnudamento doméstico, ao que A. Neill observou à mãe: “A nudez no lar  é excelente e natural. Seus  filhos, mais tarde, evitarão muito o sexo doentio.  É improvável que um deles se torne um `voyeur´, pois que terão visto tudo quanto há para ver” (Liberdade sem excesso, p. 64. São Paulo, Ibrasa, 1976).

É hora de os brasileiros perceberem a falta de sentido da mentalidade anti-corpo; a ausência de inerência entre nudez e sexualidade, entre sexualidade e culpa, entre nudez e vergonha do corpo, entre velamento das mamas e do pênis e moralidade. É altura de os brasileiros descobrirem o direito à nudez natural, de manifestarem-se a respeito, por palavras e gestos.

A nudez natural não implica a exposição de corpos belos, esbeltos, de homens musculosos, de mulheres vistosas; da exibição de padrões de beleza nem de pênis avantajados, compridos, grandes. Assim como não é questão de sexualidade, tampouco o é de consagrar padrões de beleza nem de ostentar pênis grandes. Na nudez natural, é indiferente o tamanho do pinto e a beleza do corpo – dimensão fálica e padrão de beleza não são valores do nudismo; são-no da sociedade machista, de homens de mentalidade tosca, que identificam tamanho de pinto com masculinidade, e da sociedade fútil, que julga as pessoas pelas aparências. No nudismo não é assim.

Se gostou, divulgue esta idéia. Vamos agitar, tomar iniciativas, tomar atitudes, promover manifestações.

(Quanto às fotografias, não é questão de se preferir homens ou mulheres vestidos ou nus ou semi-nus; não é questão de gênero nem de sexualidade.
É este, precisamente, o ponto: não é questão de sexualidade (homossexualidade nem heterossexualidade) e sim de naturalidade. Homens e mulheres, mulheres e homens, nus, são igualmente naturais; não se trata da atração erótica e sim, precisamente, de retirar a erotização do nu: eis a grande lição da Alemanha nua.).

(Em ginásios de musculação de Curitiba, os homens despem-se nos vestiários, porém naõ de todo: exceto a cueca, com que ingressam na cabine do chuveiro. Os chuveiros constituem compartimentos em que cada indivíduo acha-se isolado dos demais. Ninguém vê ninguém no banho. Os homens retiram-se da cabine do chuveiro de cueca: não querem expor a sua genitália. Será, talvez, porque se masturbam durante o banho e desejam ocultar a tumescência do seu pênis, efeito para o qual a cueca é providencial. Provavelmente, contudo, não é por isto que entram na cabine de cueca e dela se retiram, também de cueca, e sim porque prevalece, em Curitiba, a pudibundaria, a necessidade de os homens ocultarem o seu corpo, a vergonha da genitália, a genitália como parte indecente. No vestiário masculino, entre homens, os homens ocultam a genitália uns dos outros. Parece convento. E tal se passa em , em Curitiba, onde é comum a gabolice de é cidade “européia”. “Européia” com mentalidade e usos de terceiro mundo. Nos E.U.A. e alhures, os chuveiros são abertos, destituídos de paredes entre os seus usuários que, assim  vêem a nudez do seu vizinho, com naturalidade, sem a introdução, mesmo inconsciente, de que certas partes do corpo devem ser ocultadas. Menos mentalidade bíblica e mais naturalidade. Curitibano atrasado).

Vide, da minha autoria, “Mamas ao vento e pênis à mostra”, “A nudez é inocente”, “A favor da nudez” (em que trato, também do artigo 233 do Código Penal), “Envergonhar-se do próprio corpo é obrigatório!? Prédica nudista” (sermão de pregador nudista), todos neste sítio. Procure em “Nudez.”.

Minha carta ao comandante da Brigada Militar do RS, em prol dos nudistas que andaram em público em Porto Alegre (esta carta é igual à que enviei ao comandante da Polícia Militar do PR): aqui.

Minha carta à Ministra dos Direitos Humanos pela revogação do artigo 233 do Código Penal e em favor da liberdade de nudez aqui.

“A favor da nudez”:  https://arthurlacerda.wordpress.com/2014/11/18/a-favor-da-nudez-2/

LINKS – LEIA TAMBÉM:

Páginas interessantes sobre o assunto, com outras opiniões. Leituras complementares. (Os links a seguir não necessariamente representam a opinião deste autor, alguns inclusive contradizem. Tem, portanto, função de enriquecer a discussão e fazer você desenvolver sua própria opinião.)

1. Fiz foto pelada! – A mudez do corpo gordo. https://youtu.be/K0Zg23_pgEM.

2.

Esse post foi publicado em Nudez. Naturismo..

Como já dizia o cantor:

“Hiprocrisiiaa… eu tenho uma pra viveer! Pra viveer…”

Ops, acho que não era bem isso.

Mas a paródia à Ideologia, de Cazuza, ainda cabe. Em tempos, em que o dualismo de ideologias talvez só tenha estado tão em voga (e tenho cá minhas dúvidas) na Guerra Fria, pessoas trazem consigo, física e atualmente também virtualmente, discursos ideológicos cada vez mais cheios de sentimentos, outras de conteúdos inclusive. Mas na prática a coisa não é bem assim.

Vale lembrar a regra máxima do respeito, ou da liberdade:

Minha liberdade termina quando começa a liberdade da próxima.

E como tenho me revoltado muito com os discursos vazios e a hipocrisia do dia-a-dia, fiz uma lista de exemplos pra ver quantos nos identificamos. Não que eu seja perfeito. Não que não tenhamos intenção de fazer uma coisa mas consigamos agir exatamente ao contrário de vez em quando. Não que não sejamos ignorantes e diversas vezes nem percebemos a hipocrisia em nosso discurso. Mas temos que ficar ligados e por isso fiz esta lista: pra galera se antenar. Existem hipocrisias de todos os tipos e magnitudes. Vamos lá?

Hipocrisias no trânsito:

  • Reclamar de engarrafamento mas ir de carro pro trabalho.
  • Reclamar do trânsito parado mas estar sozinho dentro do carro.

Hipocrisias ambientais:

Tem nível superior ou está na faculdade, portanto já estudou pelo menos 12 anos da vida e ainda:

  • não sabe apagar a luz ao sair dos ambientes;
  • não sabe guardar bituca de cigarro pra jogar na lixeira;
  • aliás, nem sabe jogar lixo seco nas lixeiras e ainda joga no chão, ainda mais as feitas para recicláveis.

Outras ambientais:

  • Fazer campanha para abaixo-assinado para salvar as baleias, mas jogar plástico nas ruas ou comer carne.
  • Tem dó de cachorro ou animais abandonados ou de maltratos a animais (cães, cavalos, gatos), mas come carne de animais criados confinados.
  • Se preocupa com a preservação dos mares, e/ou tem adesivo no carro “Destrua as ondas, não as praias”, mas come peixes (que foram pegos em pesca industrial e levam à maioria dos bichos aquáticos à extinção).

Hipocrisias Sociais:

Pessoas em situação dominante, ou não oprimidas tomando decisões importantes pelas oprimidas sendo que estas estão presentes.
Bora desenhar, digo, descrever:

  • Homens brancos tomando decisões que afetam mulheres negras;
  • Homens hétero cisgênero tomando decisões para mulheres ou para pessoas não cis (trans, gays, bi);
  • Ricos tomando decisões que afetam aos pobres;
  • Religiosos tomando decisões que influenciam na liberdade de pessoas não religiosas.

Outras sociais:

  • Policiais enfrentando/batendo em civis que se manifestam em luta pelos direitos dos policiais.

LINKS – LEIA TAMBÉM:

Páginas interessantes sobre o assunto, com outras opiniões. Leituras complementares. (Os links a seguir não necessariamente representam a opinião deste autor, alguns inclusive contradizem. Tem, portanto, função de enriquecer a discussão e fazer você desenvolver sua própria opinião.)

1.

 

Nesta madrugada recebi um convite de um amigão, ambientalista mas partidário do governo municipal e federal.

Em seguida respondi ao convite, pois se tratava de um projeto de hortas urbanas para baixa renda, algo de veras interessante visto o prefeito que temos, mesmo eu questionando os meios. Eis que inicia uma conversa que durou uma horinha, e a transcrevo abaixo pois considerei mega didática, explico-me:

Se eu tivesse criando um texto dramatúrgico com esse tema querendo mostrar o estereótipo da visão de um governante versus a visão de um ecoanarquista, não sairia tão bom!

Segue o texto, o nome e a foto do amigo serão ocultados por razões óbvias, pois realmente não vem ao caso.

SEX 2/6/2017 23:48

Amigo
Amigo

 

SEGUNDA-FEIRA (05 de Junho de 2017), às 14:30, acontecerá a Assinatura do Decreto de Criação do Programa Municipal de Agricultura Urbana. A cerimônia também será na Sala de Reuniões do Gabinete do Prefeito (Rua Tenente Silveira, 60, 5º andar – Centro).

SÁB 3/6/2017 02:09

Marcelo
Muito legal
Demais mesmo. Obrigado
Amigo
Lembrei de ti
Vais lá
Marcelo
Verei a possibilidade. Tenho interesse sim
Amigo
Legal
Acabei de ter uma decepção Estudando culinária
Marcelo
Hahaha que passou?
Amigo
Descobri que o Califórnia Roll
Foi inventado em Vancouver
Marcelo
Hahahaha
Amigo
Esse mundo 50% das coisas são fake mesmo
Marcelo
E nem existia um original de referência pra chamarem de tipo
É a clássica piada que fazem do chapéu Panamá
Que não é de lá
Amigo
Hahhaa
Mas esse eu achei que era mesmo
Marcelo
Pois é… Coisa estranha. Na Europa valorizam muito a origem, que dá nome ao alimento. Na América querem ganhar em cima do que der dinheiro. Então o direito autoral surgiu com o capitalismo selvagem americano (do norte)… Faz todo sentido. Isso é muito raro na europa
Ao menos calabresa vem da Calábria, champagne da França e por aí vai… Ainda.
Amigo
Japan to honour Vancouver chef credited with inventing California roll
The Japanese-Canadian sushi chef who is said to have invented the California roll will be honored Thursday by the Japanese government for his role in promoting Japanese cuisine.
ctvnews.ca
Marcelo
Hahaha
Mas será que a pizza Califórnia foi inventada lá?
Se sim pode ter sido só homenagem, pelo mais que eu não veja relação
Amigo
Pse
Tava lendo essa semana sobre a baunilha do cerrado
Tu já viu?
Baunilha do Cerrado – Slow Food Brasil
O Slow Food é um movimento internacional que reúne pessoas apaixonadas por gastronomia, celebra o alimento de qualidade e o prazer da alimentação, conheça a atuação do Slow Food no Brasil. Fazem parte dessa rede: cozinheiros, pesquisadores, comunidades de produtores de alimentos etc. É um movimento…
slowfoodbrasil.com
Marcelo
Sim, tô ligado. Não li mas já havia estudado sobre e ouvido a respeito
Tivemos uma palestra nesta semana com uma amiga, colega, que trabalha com o slow food e falou do projeto Arca do gosto
Esse sim é uma puta ótima referência
Amigo
Me.conta mais
Marcelo
Não sei muito, mas é coisa do slow food, pela preservação e valorização dos pratos e tradições locais
Usando alimentos endêmicos
Amigo
Legal
Eu estava estudando temperos e daí descobri a baunilha do cerrado
Marcelo
Seria como criar um projeto pra salvar o berbigão da tapera
Amigo
Dá 300 a 400 kilos por hectare
O kilos está 250 dólares
Marcelo
Mas esse não tem salvação, visto que o aterro da baía que levou ele a extinção
Marcelo
Claro que pra capitalista o valor é o que importa. Já pra naturalista é a valorização da genética endêmica através da cultura local. O ambientalista vai querer valorizar o que é de lá ao preço que for. O capitalista vai levar sementes e tentar produzir igual em outro local mais barato, e assim criar o tipo comercial. De preferência produzindo em grande escala, e fazendo baixar o preço, e levando a comunidade original à pobreza, consequentemente a extinção do recurso que deu nome ao produto. Essa é a diferença entre um naturalista e um capitalista.
Marcelo
É por isso que o slow food luta pela valorização do lado NO local
Amigo
Eu estava pensando em plantar baunilha para aumentar a renda de famílias carentes
Marcelo
Pra famílias carentes tem muitos produtos rentáveis. Se aumentar a produtividade vai cair o preço
Pra famílias carentes ensine a plantar agrofloresta biodiversa onde terão todos os alimentos que precisam pra viver, e não commodities
Onde ficarão independentes do mercado em caso de crise e não reféns dele caso o preço caia.
Amigo
Mas a conta que eu fiz era
1 hectare
Daria uns 230 mil de baunilha
Por baixo
Da de pagar todo o projeto
Contratar uns dois agrônomos uns dois botânicos
E ainda dar uma bolsa de 1500
Para 80 adolescentes
Marcelo
Mas pra produzir isso precisa de uma floresta preservada, um clima igual o de lá, e se der certo vai baixar o preço, e levar as famílias de lá a terem que cair nesse papo e destruírem a floresta pra plantar algo que de dinheiro, assim o ciclo se perpetua
Amigo
Da de plantar no sertão do Peri
Eu acho
Marcelo
Pense localmente, sempre
Valorize o local
Amigo
Tinha um francês que plantava baunilha lá.
Foi embora não sei pra onde
Marcelo
No sertão do peri tem uma cultura local. O que ela tem de diferente. Valorize isso e não traga de fora
Amigo
Da de fazer os dois né
Sempre monto projetos que não. Dependem.do governo
Que são sustentáveis por si
Marcelo
Ainda assim, se pensas na comunidade, no social, não pense no retorno financeiro
Se são sustentáveis não dependem de dinheiro
É contraditório
Amigo
Eu não acho
Tudo.tem.custo
Quanto um botânico vai cobrar
Marcelo
Isso é o que dizem economistas. Eles querem que tenha, senão não terão emprego, rs
Custo sempre tem. Financeiro que não necessariamente
Amigo
Quanto um botânico vai cobrar
Tu consegue 8 instrutores de graça por. 2 anos para um projeto desses ?
Marcelo
Não pense quanto que ele vai cobrar. Pense: se a comunidade local já sabe fazer , pra que vai precisar um botânico? E depois, o que eles precisam pra viver? Esse é o custo. A sustentabilidade está em fazer o local produzir tudo o que precise pra viver
Amigo
6.1. Impactos Econômicos Promoção da autonomia financeira dos beneficiários através da geração de renda: por mais que durante a participação no projeto, os hortelãos ainda dependam de subsídios da Prefeitura com a ajuda financeira, de materiais e sementes, ao atingirem a emancipação, os sujeitos começarão a gerar renda através da venda de sua própria produção. Desta maneira, o projeto visa a transformação de cidadãos que antes eram considerados uma desvantagem econômica ao Governo por dependerem de verbas públicas, em pessoas ativas economicamente, em potenciais consumidores de produtos e serviços, contribuindo para a dinâmica econômica urbana. Há diminuição de gastos com a alimentação, uma vez que os próprios hortelãos consomem os excedentes da produção da horta. Além disso, o projeto oferece empregos dentro da comunidade, não havendo necessidade de grandes deslocamentos (o que é bastante atrativo numa cidade onde os transportes públicos são ineficientes e o trânsito se encontra cada vez mais intenso) e acessíveis aos moradores. Com isso, também há a menor procura dos jovens para entrar no mercado do tráfico de drogas, onde na equipe de Manguinhos há jovens que trabalhavam com esta atividade e buscaram o emprego de hortelão no projeto. Estímulo à economia solidária: desde o início do projeto, os beneficiários são inseridos em uma nova forma de gestão de trabalho e divisão dos lucros de base associativista e igualitária. Os hortelãos realizam a autogestão da horta e o método de trabalho em mutirão. E mesmo durante o desenvolvimento da horta com o aparecimento de problemas e divergências na equipe, os gestores do PHC buscam soluções em conjunto com os hortelãos, utilizando-se dos saberes e experiência dos integrantes e fortalecendo os laços de cooperação.
Marcelo
E não no valor financeiro disso
Amigo
onde o cenário de extrema violência, desigualdade econômica e descaso político influencia na formação de suas opiniões, percepções de mundo e personalidades. Então, princípios como cooperação, altruísmo e igualdade são de mais difícil concepção e desenvolvimento para estas pessoas que convivem em um ambiente hostil, e dentro de uma sociedade que estimula o individualismo e a competição, cujo cenário político é marcado pela corrupção, do que para indivíduos que vivem em um ambiente harmonioso com referências positivas como solidariedade e cooperação.
Marcelo
É isso aí. Mas tudo melhora justamente por melhorar a qualidade de vida e independência.
Marcelo
A diferença é que um projeto de verdade quer a independência e vai fazer isso com toda a comunidade. Um político (queiro) não quer que uma comunidade fique independente dele, senão vai perder votos. Isso pode acontecer em nível micro, por exemplo um líder de comunidade. É por isso que os contatos pra iniciar um projeto desses não podem ser com as lideranças comunitárias, e sim diretamente com o povo. Mas isso dá muito mais trabalho.
Marcelo
Mas a ideia é ótima, é por aí mesmo.
Amigo
Então
Eu calculei 4 profissionais acompanhando a comida do por 2 anos
A comunidade por 2 anos
Até eles tocarem sozinhos
Só de agrônomo e botânico dá uns 15 mil mês
Material uns 20 mil mês
Fora as bolsas
Marcelo
Tudo bem se quer pensar assim, mas se quer a sustentabilidade pense em valorizar um produto e cultura local, e a diversidade do lugar, em vez de importar outra cultura, entende? Vise a autonomia completa
É não apenas financeira
Amigo
Tu já pensou a Alemanha sem batata?
Eu sei Marcelo
Mas.tem que começar
E o melhor jeito é ser viável economimente
Marcelo
É um ponto de vista de alguém que acredita no capital. Normal. Se fosse o certo não haveria fome. As pessoas felizmente não comem dinheiro, e por isso não é sustentável.
Cooperativas deixam de dar certo qdo dão lucro a alguém, não é a toa.
Amigo
Mas tu iria trabalhar lá sem ganhar nada
?
Marcelo
Elas passam a eleger sempre os mesmos e deixam de ter o espírito real de cooperação…
Claro, Não precisa de dinheiro pra viver. Preciso de comida, casa, transporte, diversão… E não dinheiro. Se monetarizar isso, acaba a verdade e passo a viver de ilusão. Se meu trabalho (que não é a mesma coisa que emprego) me der tudo o que preciso não precisarei de dinheiro.
Entende? Inverta a lógica. Isso é sustentável de verdade.
Amigo
Sim Claro
De economia já li quase tudo
Inclusive to vendo a regulação da bitcoin
Em Brasília
Mas falando especificamente desse projeto
Marcelo
Rs
Amigo
Se tiver um jeito de fazer sem dinheiro eu faria
Eu por exemplo não vou ganhar nada
Marcelo
Esse povo que vive do econômico, rs
Já ganhas, como acessor, imagino
Amigo
Agora se tu conseguir voluntários formados comprometidos
Marcelo
Se não vai ganhar nada quer dizer que vai deixar de ser acessor?
Amigo
É assessor
Eu não
Sou funcionário concursado
Marcelo
Cara, se buscar local, se consegue. Mas se deixar entre a liderança local existente, estes vão colocar o amigo, pois querem manter o poder… E não o mais capacitado. Aí o projeto vira um natimorto.
Então, melhor, vc sendo concursado já ganha teu salário. Isso é bom. Mas já estás fazendo isso em hora extra imagino?
Amigo
Como assim?
Marcelo
Entende que o que importa não é o dinheiro?
Rs… A conversa vai longe.
Amigo
Já falei lá em cima que entendi
Eu sei que até novembro
Marcelo
Dá vontade de copiar ela e publicar. Acho que está bem didática.
Amigo
Que implementar um projeto
Marcelo
Acho muito massa isso
Amigo
E tirando eu
Todo mundo quer cobrar
Hahaha
Até esses caras se ônus
Marcelo
Quero só te ajudar a pensar numa forma que teu projeto de certo, percebe?
Amigo
Ongs
Então
São dois anos
Até a população tocar por si
Marcelo
Sim, entendo. Eles estão dentro de um sistema que pensa assim
Amigo
Até la
São dois agrônomos dois botânicos
4 peões auxiliares
Material de trabalho
E para não depender eternamente de verba ou doação
Marcelo
Mas só te digo uma coisa. Não entre com um produto definido. Deixe, de verdade, que a comunidade local decida com o que eles querem trabalhar
Amigo
Tem que ter algo que de retorno
Mas não precisa ser só aquilo
Eles podem plantar mandioca. Maracujá. Temperos
Mas tem que ter algo que de de fazer o projeto se manter por si
Marcelo
Claro.
Marcelo
Mas o se manter não precisa ser financeiramente. Talvez no começo, já que estamos num sistema que ainda não sabe pensar diferente, tem que ser. Mas o objetivo final não pode ser esse, e sim o da independência, da soberania alimentar comunitária sem importar nada de fora. Só assim eu acredito que será viável de verdade no futuro. Pq além disso, o resto é literalmente lucro.
Marcelo – 03:34
Boto fé nas tuas intensões, e espero que o que falo, falamos, ajude em algo. 😉
Altas conversa meu amigo. Mas meu braço tá véio pra teclar tudo isso no celular… Vou dormir. Muito obrigado pela inspiração, bom papo mesmo pra madrugada!